Calopsitas e seus tipos de mutações genéticas
A calopsita é uma ave nativa da Austrália e, atualmente, é domesticada em todo o planeta. A sua domesticação começou em 1838, quando um inglês viajou para a Austrália para registrar a fauna do país. Ao retornar à Inglaterra e mostrar ao continente europeu a ave descoberta, os europeus despertaram interesse pela aquisição da calopsita.
A ave se espalhou rapidamente pelos continentes do planeta, no entanto em 1960, o governo australiano proibiu a exportação de calopsitas do país. Devido a isso, o acasalamento entre os pássaros da mesma linha de sangue aumentaram, resultando em mutações genéticas e mudança nos padrões de cores das aves.
A calopsita pertence à Espécie Nymphicus hollandicus e medem aproximadamente 30 cm. As cores das aves podem ser variadas e uma de suas características é a bola colorida na bochecha. Além disso, a calopsita possui bico pequeno, mas muito resistente. Elas também conseguem imitar sons que ouvem constantemente, como nomes, por exemplo.
Calopsitas: mutações primárias
Existem diferentes tipos de mutações genéticas que afetam as calopsitas. Uma mudança genética altera a cor da ave em relação à cor original, cinza. Confira algumas das espécies e as respectivas cores alteradas como resultado da mutação genética.
■Calopsita Arlequim
A Alerquim é a mutação gênica mais antiga entre as calopsitas. A cabeça do Alerquim é amarelo intenso, as bochechas bem vermelhas e crista amarela. A mutação de origem norte-americana promove mudança na coloração normal das aves. Além disso, os machos e as fêmeas alerquins são tão semelhantes que tornam-se difícil a diferenciação de sexo pelo fenótipo.
A espécie possui quatro subclassificações: Limpo (amarelo ou branco); claro (com 75% ou mais de melanina); escuro (com 25% de melanina) e reverso (com manchas nas penas de voo e o restante do corpo não apresenta melanina). Mutações combinadas podem gerar diferentes espécies Arlequim: Canela-Alerquim, Lutino-Pérola Arlequim, Pérola-Arlequim, Cara Branca-Arlequim, entre outras aves.
■Calopsita Pérola
A primeira aparição da Calopsita Pérola foi em 1970. A ave possui cor levemente dourada e uma fina listra amarela cobrindo seu dorso. Na maioria das calopsitas dessa espécie, a cauda é amarela escura e possuem listras amarelas na cauda e manchas no mesmo tom nas bochechas.
Com o amadurecimento da Calopsita Pérola, os seus olhos ficam na cor vermelha intensa. E, após um tempo, elas parecem um pássaro com olhos escuros. Os machos perdem o padrão perolado após a muda de suas penas nos primeiros seis meses, devido a ocultação parcial da melanina. Já as fêmeas da espécie mantêm seu padrão perolado.
■Calopsita Lutino
O Lutino é conhecido como periquito americano, mas é a calopsita mais popular. A sua cor pode variar de amarelo forte até totalmente branco. Ele possui olhos vermelhos, pés rosados, crista amarela, bico marfim, cabeça amarelada com bochechas vermelhas. Já as asas e cauda são amarelas. As manchas presentes no Lutino podem ser observadas por meio de uma luz brilhante.
Nesse tipo de calopsita pode haver defeito genético resultando em fêmeas sem penas na parte traseira da cabeça e, além disso, fêmeas com estrias amarelas na cauda. O Lutino pode ser combinado com outros tipos de calopsitas e gerar Lutino-Canela, Lutino-Pérola, Lutino-Pérola Arlequim, entre outras espécies. Algumas aves lutinas podem apresentar falhas de pena abaixo do topete devido a uma falha genética.
■Calopsita Cara Branca
As calopsitas Cara Branca são únicas em sua coloração. A primeira aparição da espécie Cara Branca foi em 1964. Atualmente, são mutações bastante comuns. Elas possuem um rosto branco ou acinzentado, sem a presença de tons laranja ou amarelo, nem mesmo em suas bochechas.
Além disso, elas podem sofrer mutações combinativas e gerar calopsitas Cara Branca Pérola, Cara Branca Pérola Canela, Cara Branca Arlequim, entre outras variações. A única diferença entre essa espécie de calopsita e a calopsita Cinza Silvestre é que esta possui amarelo e laranja em suas penas.
Calopsitas: mutações combinadas
Um dos fatores que desperta o interesse pelas calopsitas como animal de estimação são suas cores. Existem inúmeras possibilidades de tonalidades desses pássaros no mundo e quando ocorre a mutação combinada, ou seja, quando as mutações primárias combinam entre si, a variedade de coloração das aves cresce ainda mais.
■Lutino-Canela
A calopsita Lutino-Canela é resultado da mutação combinada entre a espécie Lutino e Canela. A espécie apareceu pela primeira vez na década de 1980. Está relacionada a duas mudanças de cor lutino que não produz melanina cinza, e canela, que muda os grânulos de melanina. Além disso, a calopsita Lutino-Canela tem olhos vermelhos.
O macho desenvolve um rosto amarelo vivo e manchas alaranjadas, enquanto as fêmeas desenvolvem manchas alaranjadas nas bochechas. A cor canela (ou acastanhada), presente nas penas do corpo da ave, é mais facilmente observada aos três anos de idade da ave. O pássaro apresenta tonalidades de castanho canela ao longo das penas de voo, sobre os ombros e na cauda.
■Calopsita Lutino-Pérola
A Calopsita Lutino-Pérola é uma mutação combinada das espécies Lutino e Pérola da ave. A primeira aparição da mutação combinada resultante da calopsita Lutino-Pérola foi em 1970. A cor base da ave é creme claro com um recorte amarelo cobrindo todo o dorso. Já a cauda apresenta um amarelo intenso e bochecha, tons de alaranjado.
O Lutino-Pérola macho apresenta cor bege a lavanda após a primeira troca de penas, devido à melanina parcialmente suprimida. Já os olhos escurecem com o passar dos anos até uma cor vermelho profunda, sendo que a uma certa distância os olhos da ave parecem escuros.
■Calopsita Cara Branca-Pérola-Arlequim
A calopsita Cara Branca-Pérola-Arlequim é resultado da combinação de três mutações: calopsita pérola, alerquim e cara branca. Essas calopsitas têm cores semelhantes a calopsita Alerquim ao longo do perolado presente em apenas parte de suas asas.
Além disso, possuem penas brancas ou amarelas no corpo, porém o rosto é branco com manchas alaranjadas na bochecha. E no restante do corpo, as penas são cinzas. Os machos perdem a cor perolada na primeira troca de penas e as fêmeas permanecem com essa cor.
Classificações da mutação da calopsita
Existem muitas mutações em calopsitas e algumas delas são raramente vistas pelos seres humanos. De uma forma geral, as mudanças genéticas nesses pássaros são classificadas de três formas diferentes: sexo-ligado, recessivo e mutação dominante. Confira cada uma dessas classificações!
■Sexo-ligado
Ocorrem em espécies como Lutino, Pérola e Canela. Essas mutações não precisam ocorrer nos dois alelos para o aparecimento na calopsita. A mutação do sexo ligado é aquela em que a fêmea precisa apenas herdar de um dos pais, pois a fêmea é XY. Já o macho precisa herdar do pai e da mãe, pois são XX.
Mesmo que a mãe não tenha o gene mutante, os machos dessas mutações podem passar a herança genética para as filhas fêmeas. E, ainda, somente é possível descobrir o tipo de mudança genética, quando se sabe as mutações dos pais das aves ou por testes de reprodução.
■Dominante
A mutação dominante sobrepõe às outras mudanças genéticas e, por isso, é necessário que apenas um dos pais tenha a mutação dominante para transferir aos filhotes. Essa alteração genética produz filhotes, sendo metade da espécie originária e a outra metade é de espécie mutante.
Além disso, a calopsita não é portadora de uma mutação dominante, logo a mudança é visível ou não. E, ainda, os pássaros dominantes podem ser portadores de mutações recessivas ou sexo-ligado. As calopsitas da espécie cinza silvestre, bochecha amarela dominante e prata dominante são exemplos desse tipo de mutação.
■Recessivo
Para que esse tipo de alteração genética ocorra é preciso que os pais sejam ou portem mutação recessiva. Esse fator é importante porque a cor selvagem sobrepõe à mutação recessiva. Para garantir a mutação é necessário a realização de testes de cruzamento, em idade adequada.
Espécies como Alerquim, Cara Branca e Prata Recessivo são resultantes das mutações recessivas e, esse tipo de alteração difere do sexo-ligado, porque neste apenas os machos portam os genes mutantes e as mutações recessivas só ocorrem quando tanto o macho como a fêmea portam esse tipo de mutação.
Cuidados com as calopsitas
As calopsitas são classificadas como aves ornamentais e são adaptadas ao convívio com humanos. Por esse motivo, é muito procurada no mercado brasileiro. O valor de uma calopsita depende do tipo de mutação genética e pode variar de R$60 a R$300. Confira algumas curiosidades sobre a ave.
■Padrões de cores das calopsitas
Originalmente, as calopsitas são cinzas com bordas brancas na asas. Nas fêmeas, a cabeça apresenta tonalidades amareladas e apresentam manchas arredondas na face em tons de laranja suave. Sua calda possui riscos amarelos intercalados com cinza ou preto.
Já os machos, tem a cabeça amarela com manchas vermelho alaranjadas e cauda totalmente cinza. Além disso, tanto o macho como a fêmea têm olhos, pés e bicos escuros. É importante ressaltar que os padrões de cores são definidos pelos genes determinantes que estão localizados nos cromossomos sexuais.
■Comportamento social
As calopsitas no meio selvagem vivem em bandos e são animais sociáveis, pois interagem com os membros do bando. Na maior parte do dia buscam por comida e o restante do tempo cuidam de suas penas, interagem socialmente. Acordam ao nascer do sol em busca de comida, interagem socialmente, se cuidam e voltam à procura de comida. No pôr-do-sol, voltam para as árvores para dormir longe do perigo.
Além da vivência em meio selvagem, as calopsitas podem se adaptar ao convívio doméstico, pois são dóceis. A recomendação é que elas sejam adquiridas ainda filhotes para criar uma ligação maior com o dono. Além disso, são muito sociáveis quando cuidadas de forma certa. E, não são barulhetas podendo viver, por exemplo, em apartamentos.
■Criação das calopsitas
Para a criação de calopsitas em cativeiro, deve-se utilizar gaiolas grandes, o suficiente para elas abrirem as asas e para que seus brinquedos fiquem no seu espaço. Além disso, o ambiente deve ser parecido com o ambiente selvagem em que ela poderia viver. A alimentação é composta por brotos, sementes, frutas, legumes, nozes e rações de pássaros.
A convivência social é muito importante para as calopsitas, por isso essa interação deve ser por meio de um companheiro da mesma espécie ou o seu dono deve reservar períodos diários para ela. É importante, também, realizar atividades com as calopsitas para queima de energia. Ademais, a escolha de um nome para elas e um tempo fora da gaiola pode tornar a vivência mais agradável.
■Saúde
A saúde das calopsitas é de fácil manutenção, pois são pássaros resistentes. No entanto, podem surgir problemas de saúde fatais. As calopsitas têm, por exemplo, tempo de vida média de 15 a 20 anos e, por isso, necessitam de cuidados em relação à sua saúde. É importante manter as condições higiênicas das aves para o seu bem-estar. A manutenção da dieta da espécie é também uma forma de cuidados.
Além disso, é importante realizar visitas regulares das aves ao veterinário como uma forma de prevenção de doenças parasitárias e infecciosas. Além disso, deve-se observar sempre o animal, pois pode desenvolver doenças emocionais ou pode não aparentar alguma enfermidade devido ao seu comportamento.
A biodiversidade das calopsitas
As calopsitas podem desenvolver colorações que não são produzidas pela mudança de genes. Essas cores podem aparecer após o nascimento das aves ou em idade adulta. Além disso, esse tipo de alteração pode ser permanente ou passageiro. Em aves reprodutoras, por exemplo, é possível observar o uma pigmentação laranja que pode ter origem hormonal ou pelo cansaço gerado na fase reprodutora.
A diferença entre os sexos da calopsita pode ser vista nas cores do rosto. As fêmeas costumam ter o rosto em tons de cinza claro e os machos, amarelo. Mas, para a definição correta é necessário teste de DNA.
Portanto, as calopsitas apresentam uma grande biodiversidade devido a mudanças de coloração, o que as tornam atrativas para o uso delas como animais de estimação. Além disso, elas podem ser treinadas para se tornarem boas companhias para os seres humanos e, isso, torna as aves cada vez mais presentes em ambientes doméstico.