Aves da Amazônia: capitão do mato, japiim, sabiá e mais

A área amazônica carrega incríveis 20% de toda a água doce do mundo. Ao longo de centenas de milhares de anos, cada um dos principais afluentes que passa pela Amazônia criou barreiras biogeográficas, causando grande especiação em todas as formas de vida nessa floresta.

Portanto, a diversidade de espécies de aves da Amazônia é simplesmente impressionante, com cerca de 950 espécies registradas até hoje! Consequentemente, esse ecossistema é uma área excelente para ser visitada por observadores de pássaros e naturalistas. Mesmo com o constante desmatamento, essa floresta abriga diversas espécies de aves.

Muitas delas são novas e estão aparecendo recentemente para encantar o local. Sendo assim, vamos conhecer algumas das aves mais fascinantes da Amazônia, seu comportamento, história e curiosidades. Com certeza você nunca ouviu falar de muitas delas, mas vai ficar encantado com a sua beleza. Vamos lá!

Existem diversas espécies de pássaros na Amazônia. Isso se dá ao seu ecossistema desenvolvido e oferece diversos benefícios para esses animais. Alguns deles já habitam o local a algum tempo, outros são recentes e estão se adaptando muito bem às florestas, clima e habitat. Vamos conhecê-las.

A ave Capitão do mato, ou também conhecida popularmente como Cricrió, é um pássaro muito comum na região amazônica e bastante barulhenta. Geralmente, gostam de cantar quando veem pessoas se adentrando em seu território, por isso o nome dado à eles. Não são aves pequenas, medindo até 28 cm e pesam em torno de 75 g.

Gostam de se alimentar de frutos e raramente alguns insetos. Não são coloridas, geralmente suas penas giram em torno de cinza escuro, cinza claro, marrom e as partes inferiores são mais claras, puxando para tons beges.

O seu bico é preto e seus pés são escuros também. Gostam de florestas altas e podem ser vistas em bandos mistos, porém sem muita frequência.

O Galo da serra é considerado um dos pássaros mais bonitos do mundo. Possui plumagem bem colorida e é mais comumente encontrado na tonalidade alaranjado forte, além de possuírem penas charmosas arrepiadas acima de sua cabeça, em formato oval.

As fêmeas não somente atraem machos por sua beleza, mas atraem espectadores e estudiosos da área. Se alimentam basicamente de frutas e gostam de construir seus ninhos em grandes penhascos.

Possui comprimento em torno de 28 cm, e seus predadores abrangem os gaviões, onças-pintadas e jaguatiricas. Felizmente, eles estão inseridos na lista de animais ameaçados de extinção como “pouco preocupantes”.

O Japiim ou Xexéu é um pássaro que pode ser encontrado facilmente. Não se incomodam tanto com humanos e possuem hábito diurno. Assim como a maioria, gostam de se alimentar de frutas, pequenas sementes e insetos.

Uma grande curiosidade é que eles adoram imitar o som de outros pássaros, e por incrível que pareça, de outros animais também, como mamíferos.

Possuem cerca de 25 cm, mas o macho pode ser bem maior. Geralmente ele acasala com diferentes fêmeas no mesmo período. O bico do Xexéu é branco e as penas se dão em tonalidades escuras puxando para o preto. Possuem olhos incrivelmente azuis e bonitos e as penas das asas e partes inferiores da cauda apresentam coloração amarelo forte.

Além de ser uma ave muito comum na região amazônica, o Sabiá-barranco é encontrado no interior do Brasil em áreas de grandes matas ou no cerrado. Gostam de viver em parques, matas de galeria, coqueiros e árvores altas. Apresentam colorações em tons cinzas e amarronzados.

Alguns Sabiás podem puxar levemente para um marrom alaranjado nas asas, que é percebido quando voam. O seu bico também é cinza e as partes inferiores como o peito, apresentam cores mais brandas. Essa ave não possui dimorfismo sexual, e o único ponto a ser percebido de diferenças entre eles é a cantoria, que é característica do macho.

O Azulão-da-amazônia apresenta dimorfismo sexual. O pássaro macho possui penas em tons azuis escuros, muito bonitos. Praticamente todo o seu corpo se dá nessa tonalidade, variando com alguns pontos perto das asas e do pescoço com salpicos em azuis claros. Os seus olhos, pés, bico e rabos são mais escuros, puxando para cinza ou preto. Já a fêmea se dá em tonalidades mais amarronzadas.

Gostam de florestas alagadas e regiões úmidas. Constroem ninhos frágeis e sua alimentação é bem variada, contando com sementes, insetos, formigas, néctar e frutas. Vivem bem aos pares, entretanto são bem independentes e se deslocam para outros lugares sem companhia, se for o caso.

O pássaro Sanhaçu-da-amazônia, também conhecido por Sanhaçu-azul, é uma ave que gosta muito de dançar e se exibir. Possui tamanho pequeno, em torno de 17 cm e pesa até 45 g. O seu canto é bem alto e estridente e não possui dimorfismo sexual e gosta de se alimentar de frutas e brotos.

Além disso, néctar e polpa de frutas maiores também são um banquete para eles. Apresentam as asas em tons azuis fortes e brilhantes, e o restante do corpo em tons acinzentados. O seu bico é considerado escuro, e os seus pés também podem ter traços de coloração azul misturado com preto.

Com certeza você já ouviu falar do Bem-te-vi. Ele é comum em diversas regiões do Brasil, não somente na Amazônia. Gostam de plantações, pastagens e diversos tipos de árvores, além de praias. Podem chegar a medir até 25 cm na região amazônica. Em locais mais urbanos e fazendas, podem medir em torno de 20 cm.

É característico pelas suas penas do peito em cores amarelas vivas e possui uma listra preta no rumo dos olhos. Quando está eriçado é possível visualizar penas amarelas também no topo da sua cabeça. Possui canto trissilábico bem marcante que relembra o termo “bem-te-vi”, por isso o nome dado a ele.

A Choquinha-estriada-da-amazônia também é bastante comum em outras regiões do norte do país. São bem pequenas, medindo em torno de 9 a 10 cm, e gostam de se alimentar de formigas, frutos e sementes. Possuem penas em tons contrastados de preto e branco em formato de estrias, por isso o nome oferecido à ela.

Podem apresentar a região da cabeça e início do dorso em tons mais amarronzados-amarelados. Gostam de água e vivem em áreas baixas das matas e regiões com igapó. Apresentam dois tipos de canto. Um deles geralmente é calmo e uniforme, perceptível com notas musicais e o outro seria em formato de assobio em tons agudos e graves.

O pássaro Sete-cores-da-amazônia, como o próprio nome diz, é uma ave bastante colorida e de beleza exuberante. Geralmente apresentam a parte frontal da cabeça em tons verdes, bico e asas em tonalidade preta forte e peito em azul turquesa. O seu pescoço pode se dar em azuis mais escuros e suas costas são amarelas-alaranjadas.

Medem em torno de 13 cm e se alimentam de pequenos frutos. Insetos não são muito bem-vindos, por isso são consumidos raramente. Ela faz o seu ninho em formato côncavo e bota de 2 a 4 ovos de tonalidades esverdeados. Gostam de viver em grupos em bordas de florestas.

A Figuinha-amazônica é uma ave comumente encontrada somente na Amazônia e em alguns locais do Peru. Não são vistas em outras localidades e gostam de viver em florestas úmidas ou subtropicais e em baixas altitudes.

Possui canto rápido e constante, e um pouco agudo. Sua coloração se dá em tons de azuis claros, cinza e peito com tonalidades brandas. O seu bico apresenta cor cinza escuro e ela mede em torno de 12 até 15 cm.

A Rolinha-cinzenta é uma ave encontrada em muitos litorais brasileiros, além da Amazônia. Gostam de praias e vivem muito bem no litoral do Nordeste também. Ela mede em torno de 17 cm e é bem levinha, pesando no máximo 50 g. Uma característica marcante é o seu bico em coloração amarelo-alaranjado até tonalidades mais escuras.

O seu corpo se dá em cores amarronzadas com salpicos escuros em preto e gostam de se alimentar de ervas daninhas e sementes. Elas são muito leais e uma vez que formam casais, ficam sempre com eles, de forma permanente.

O Suiriri é encontrado por todo o Brasil, mas é bem marcante da região amazônica. Possui penas muito bonitas em tonalidade amarelo forte no peito e o restante do corpo varia entre marrom claro e escuro. Quando eriça suas penas, o topo de cabeça pode se dar em tonalidades alaranjadas.

Não possuem dimorfismo sexual e ambos, macho e fêmea, podem chegar até 25 cm de comprimento. Uma curiosidade interessante é que gostam de apanhar presas no ar. Ela voa em diversas direções pegando as suas comidas e retorna ao seu local de partida com o bico cheio para então, se alimentar.

O Uirapuru também é uma ave muito conhecida por todos. O seu reconhecimento vem do seu canto, que é encantador e parecem músicas aos nossos ouvidos. Possui cerca de 12 cm e suas penas se dão em colorações marrom claro e escura (talvez até puxa para o alaranjado).

Próximo ao seu pescoço, possui uma característica marcante de colorações preto e branco em salpicos, antes de chegar às asas. Gosta de se deslocar pulando no chão, e se alimenta basicamente de insetos e formigas. Frutos também fazem parte de sua refeição, porém, com menos frequência.

Também conhecido como Sabiá-gongá, o Trinca-ferro-da-amazônia consegue viver em todo o Brasil. Gosta de florestas secas, pastagens, beiras de rios e áreas úmidas também. Se adapta em diversas regiões. Suas penas possuem geralmente tonalidades entre marrom e dorso puxando para creme/bege.

Também pode ser encontrada em tonalidades azuis e sua marca característica são duas faixas brancas acima dos olhos. Se alimentam de flores e frutos e quando estão em casais, conseguem cantar de forma conjunta e sincronizada. Vivem bem aos pares e grupos pequenos, em torno de 5 aves, não se dando bem com grupos muitos grandes.

Como o próprio nome fala, o Amarelinho-da-amazônia possui uma beleza graciosa em tons amarelos. Geralmente as suas costas se dão em tons marrons, com pequenas listras brancas, e o seu peito e seus olhos são tidos com tons amarelos claros.

Medindo em torno de 12 centímetros, o Amarelinho-da-amazônia tem uma característica marcante de possuir uma faixa acima dos olhos, como se fosse uma sobrancelha, em tonalidade branca. O seu bico e pés são cinza escuros, e gostam de se alimentar basicamente só de insetos. Vivem em áreas de manguezais e grandes plantações do Norte.

Essa ave é encontrada basicamente só na Amazônia, e possui penas em tons amarronzados claros e escuros. O seu peito se dá em tons mais brandos e seu bico e pés são escuros também. Se alimenta de sementes e pequenas frutas e gosta de viver em ambientes úmidos e grandes florestas.

O Caburé-da-amazônia é uma ave considerada grande, quando comparada com as demais. Possui em torno de 20 cm e se alimenta predominantemente de insetos. Ela tem o costume de enganar alguns predadores, porque ela possui olhos falsos na nuca. Nada mais são, do que manchas escuras em suas penas, que quando olhadas de longe, parecem que estão te olhando.

Além disso, elas são consideradas corujas pequenas, e possuem olhos bem amarelados e marcantes. Suas penas se dão em tons acinzentados ou amarronzados, com algumas pintinhas brancas por todo o corpo. Gostam de viver em copas de árvores altas na Amazônia. Seu canto é considerado rápido, com assobios de 3 segundos de duração e repetições constantes.

Essa ave é basicamente encontrada somente na Amazônia e em alguns municípios do norte do país. Ela mede em torno de 12 a 13 cm e sua alimentação é focada em insetos. Gostam de viver em ambientes com florestas úmidas, subtropicais e de baixa altitude.

Pelo fato de gostarem de comer insetos, também gostam de viver em florestas degradadas em fase secundária de revegetação, pois é quando as gramíneas estão curtas e fica mais fácil de encontrar formigas e insetos de pequeno porte por lá. Apresentam penas em tons marrom claro e escuro e o seu bico e pés são escuros também.

As Garças-da-mata são aves sensacionais e infelizmente é a espécie de garças menos conhecidas. Apresentam cores vibrantes em tons de azul, vermelho e listras em seu corpo, além de um comprido bico, muitas vezes relembrando os beija-flores.

Seu canto é bastante calmo e sua alimentação é bem variada, preferindo peixes, anfíbios, lagartos e caracóis. Sua espécie é discreta, principalmente em épocas de reprodução, em que vivem a maioria do tempo escondidas.

A Patativa-da-amazônia é uma espécie de ave encontrada somente no norte do país, mais comumente na floresta amazônica e em grandes florestas subtropicais, e de alta altitude. Também gostam de se alimentar de pequenos insetos. Elas medem em torno de 13 cm.

Possuem colorações em tons marrons, principalmente no peito e na cabeça, e as pontas das penas são basicamente cinza escuro. O seu bico é mais claro, em tom bege, e seus olhos e pés são pretos.

O pássaro Cardeal-da-amazônia é uma linda ave que possui diversas colorações em suas penas. É muito admirado por observador da área e possui a cabeça em tons vermelhos-amarronzados, o peito com penas brancas e suas asas e a cauda são pretas. São comuns em arbustos, grandes árvores à beiro de rios e igarapés.

Os seus olhos são castanho claro e possuem um contorno preto envolta deles, dando grande graciosidade à espécie. Consegue medir em torno de 16 cm e ambos, fêmea e macho, são iguais.

Se alimentam basicamente de sementes e são bastante territorialistas, principalmente em épocas de reprodução. Não deixam outras aves chegarem perto do ninho e ele é feito com muito cuidado, em formato câncavo.

A Harpia, também chamado de gavião-real, é uma das maiores aves de rapina do mundo e uma das mais pesadas, chegando a atingir 12 kg. Suas asas são bem grandes para comportar o seu peso quando voa e possui beleza extraordinária, com suas penas variando em tons de branco, preto e cinza.

Infelizmente, notícias relacionadas às harpias, mostram que muitas pessoas gostam de atirar nessas aves, simplesmente pela curiosidade e o desejo de ver os pássaros de perto. Outros motivos disso são o medo de que possam ameaçar o gado e a caça para comer e capturá-las para o comércio ilegal de animais selvagens.

As Araras-azuis, como o próprio nome já diz, são aves muito bonitas, com suas penas em tons de azul e algumas machinhas em amarelo, dando muita graciosidade à espécie. Possuem uma auréola em volta de seus olhos em tom amarelo vivo, e são bem grandes, chegando a medir até 1m.

Têm um bico preto enorme e impressionante, com uma faixa amarela na mandíbula inferior. São conhecidas por serem as mais poderosas de todas as aves, tendo o poder de quebrar até cocos. Vivem em áreas principalmente pouco arborizadas nos campos sazonalmente inundados da Amazônia.

A Araponga-da-amazônia é uma ave quase inteiramente branca em machos, e a fêmea geralmente se dá em cores mais claras com tons beges e marrons. Sendo assim, possuem dimorfismo sexual e é, praticamente, uma das únicas espécies conhecidas em que a fêmea é maior que o macho, ultrapassando-o em alguns centímetros.

Gostam de viver em locais como bordas e copas de árvores ralas, e ficam muito tempo imóveis, sem migrar para outros locais. Se alimenta basicamente de frutas, e sementes em menor quantidade. O seu canto é conhecido como o maior do mundo animal, podendo alcançar um raio de 1,5 quilômetros!

A Garça-moura é a maior das garças presentes no Brasil. Ela consegue alcançar até 1,80 m com envergadura. Possui hábitos solitários, sempre viajando sozinha ou no máximo com um parceiro, em quem não se apega. Em épocas reprodutivas gosta de viver mais escondida, e possui um canto forte.

Pode chegar a pesar um pouco mais de 2 kg e vive em margens de rios e riachos, para a caça de peixes, moluscos e caranguejos. É a garça mais fácil de ser visualizada e observada, estando entre as principais escolhas de admiradores e estudiosos da área.

Com certeza você já ouviu falar de Tucano-toco. Essas aves são bem comuns não somente na área amazônica, mas em diversos outros estados, como Minas Gerais, Sergipe, Rio Grande do Sul e principalmente em São Paulo.

São aves que adoram migrar para outros locais e vivem em bandos. Possui o bico alaranjado-amarelo vivo, com comprimento de até 20 cm e possui seu corpo escuro com manchas brancas. Gostam de viver em matas de galeria, campos, árvores e se alimentam basicamente de frutas.

Como você pode perceber, as aves da Amazônia apresentam características específicas entre si. Algumas gostam de se alimentar de flores e frutos, outras somente de sementes e insetos. Mas a grande maioria gosta de viver em grandes florestas, regiões geralmente úmidas e com água por perto.

As aves se adaptam bem para viver em pequenos bandos ou aos pares. Algumas, gostam de construir grandes ninhos e são bem cuidados com eles, como o pássaro Sete-cores-da-amazônia.

Outras são territorialistas e não permitem outros pássaros perto do seu ambiente em épocas reprodutivas, como o Cardeal-da-amazônia. Entretanto, alguns pássaros constroem ninhos frágeis e não se importam muito com isso.

De qualquer forma, apresentam penas muito bonitas e coloridas e cada uma possui uma particularidade especial da sua espécie. É importante lembrar que devemos sempre preservar nossas florestas, pois as aves são apenas uma comunidade dentro de tantos outros ecossistemas inseridos nesse espaço precioso.