Raposa-do-mato: conheça a raposa brasileira
A raposa é um animal que desperta a curiosidade de todos por ser um bicho extremamente fofo e de hábitos interessantes. Esses mamíferos são bastante famosos na internet, especialmente as raposas-vermelhas, dos Estados Unidos. Hoje, você irá conhecer uma parente dessa raposa, a qual é encontrada aqui no Brasil: a raposa brasileira!
Aqui você será apresentado às melhores informações sobre esses animais tão curiosos que se encontram mais perto dos humanos do que se imagina. Saberá também várias curiosidades, como sua forma de reprodução, até as mais impactantes, como as maiores ameaças à espécie e como ela se comporta no seu cotidiano. Boa leitura!
Ficha técnica da Raposa brasileira
Quer conhecer mais sobre a raposinha-do-mato, a única espécie exclusivamente brasileira desse tipo de canídeo? Acompanhe o artigo e saiba quais são suas principais características, como ela se comporta em seu habitat, onde é mais facilmente encontrada, o que come e onde vive.
■Origem e nome científico
A Lycalopex vetulus, mais conhecida como raposa-do-campo, raposinha-do-campo, jaguamitinga, jaguapitanga ou simplesmente raposinha é um canídeo brasileiro sobre o qual se possui poucas informações. Para se ter uma ideia, esse animal ocupa o sétimo lugar entre os 37 canídeos menos estudados do mundo todo.
Ela pertence à ordem Carnivora e à família Canidae, bem como lobos, os coiotes e os cachorros. Em inglês, ela é chamada "small-toothed dog" devido à sua similaridade com a espécie, apesar de ser popularmente conhecida como "hoary fox".
■Características visuais
A raposa-do-campo é um animal de porte pequeno que lembra bastante sua prima estadunidense, a raposa-vermelha, mas apresenta uma diferença visível relacionada à cor da sua pelagem. Seus pelos possuem uma coloração acinzentada com tons de marrom e amarelo nas extremidades, como patas e orelhas.
Ademais, a raposinha-do-campo possui uma linha de cor preta na região das costas, bem como manchas de mesma tonalidade na cauda, bem volumosa. Suas orelhas longas e focinho curto ajudam a conferir-lhe um comprimento de aproximadamente 60 cm, com uma média de 4 kg.
■Habitat natural e distribuição geográfica
Esse canídeo é conhecido como raposa brasileira justamente por ser 100% endêmico de solos brasileiros, especificamente habitante do cerrado, do pantanal e da caatinga. Ademais, tem preferência de locais com presença de poucas árvores e com numerosos campos de vegetação aberta.
Por isso, elas podem ser encontradas desde o Mato Grosso do Sul, passando por Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, São Paulo e chegando até o Ceará, ou seja, são mais encontradas nas regiões centrais do Brasil. Infelizmente, o habitat natural da raposinha é um bioma que sofre com a pressão antrópica, com apenas 20% de conservação de área.
■Alimentação
A principal alimentação da raposa-do-campo é constituída de insetos, como cupins, besouros, gafanhotos e formigas, mas também pode incluir aves e alguns pequenos mamíferos. Ou seja, esse canídeo é um animal carnívoro-insetívoro, apesar de ocasionalmente se alimentar de alguns frutos.
Entre as principais fontes de alimento da raposinha, a principal —e aparentemente sua favorita— advém justamente dos cupins. Entretanto, sazonalmente ela precisa se alimentar até mesmo de cobras e lagartos devido à sua disponibilidade em determinadas épocas do ano.
■Hábitos da Raposinha-do-campo
Com hábitos noturnos, a raposa-do-campo é um animal independente que inicia suas atividades após o pôr-do-sol e encerrando-as durante o amanhecer. As tocas de tatu são as favoritas desses animais para se esconder e descansar. Apesar de solitária, quando há grande incidência de alimentos, ela pode ser observada junto de outros indivíduos.
Devido aos seus hábitos alimentares, elas podem conviver no mesmo habitat que outros canídeos, como o lobo-guará e o cachorro-do-mato, mas ainda não existem estudos suficientes sobre uma possível relação de predação entre os animais.
■Expectativa de vida e reprodução
A raposa-do-campo é um animal solitário, mas que possui hábitos monogâmicos para a proliferação da espécie. Durante os primeiro quatro meses de vida dos filhotes, os pares de animais são formados e permanecem juntos para a criação dos pequeninos, que devem estar aptos para a independência aos 10 meses de idade.
Uma ninhada dessa espécie gera de cinco a dois filhotes, após um período de gestação de, em média, 60 dias. Quando os filhotes nascem, permanecem em tocas abandonadas de outros animais, como tatus, ou buracos cavados pelos pais e são constantemente protegidos pela mãe.
Outras informações sobre a Raposa brasileira
As raposas-do-campo são animais fascinantes, além de serem muito fofas! Entretanto, existem algumas outras informações curiosas sobre elas que você pode descobrir abaixo, como sua importância ecológica e quais são os riscos enfrentados por elas diariamente. Vamos lá?
■Como é o filhote de Raposa-do-mato?
Aproximadamente a partir do terceiro mês de vida, os filhotes da raposa-do-campo podem ser avistados fora das tocas, circulando juntamente com seus pais em grupos familiares reduzidos. Assim como os adultos, possuem pelos acinzentados e amarronzados, mas com menor incidência de pelagem preta.
No décimo mês de vida, os filhotes já começam a estabelecer territórios próprios, que podem ser próximos aos locais onde foram criados pelos pais quando nasceram. Por esse motivo, nessa época eles já começam a se tornar independentes e serem responsáveis pela própria alimentação.
■Predadores e importância ecológica
Como explicado anteriormente, existem poucos estudos que afirmam com certeza que as raposinhas são predadas por outros canídeos, apesar de já terem sido presenciados alguns embates entre eles. Mesmo sendo um animal tímido, as raposas-do-campo são bastante ariscas e, se ameaçadas, podem espantar até mesmo lobos-guarás.
A importância desses animais não só se concentra no controle populacional dos animais que são predados por ela, mas principalmente para a manutenção do equilíbrio ecológico, já que elas são grandes responsáveis pela dispersão de sementes de árvores frutíferas ou não devido à sua alimentação.
■Status de conservação e mecanismos de defesa
Ao considerar a adaptabilidade do animal em relação à dieta e ao seu habitat, os poucos estudos classificam que seu status de conservação é “pouco preocupante”. Apesar disso, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) considera a raposinha-do-campo uma espécie “vulnerável” e, portanto, quase ameaçada.
Para se proteger, a raposinha permanece em tocas profundas enquanto descansa de dia, saindo apenas à noite para predar pequenos animais. Quando ameaçada, seu tamanho e rapidez ajudam o animal a escapar, além de se disfarçar na vegetação de seu habitat.
■Principais ameaças à extinção da espécie
Mesmo não havendo indícios de predadores naturais que cacem a raposa-do-campo, o maior índice de causas de morte desses animais se devem à ação do homem e de animais domésticos. Tanto pela predação de cachorros, por exemplo, quanto pela transmissão de doenças carregadas por ele.
Além disso, a devastação do habitat natural do animal para a expansão urbana e atropelamentos em estradas, somadas à caça por parte dos humanos pela crença errônea de que a raposa preda animais domésticos ou de criação, fazem com que a população de raposas-do-campo diminua cada vez mais.
■Outras espécies semelhantes
Apesar de serem espécies diferentes, as raposas-do-campo são bastante confundidas com o famoso cachorro-do-mato, justamente por sua similaridade física, especialmente em relação à cor dos pelos, tamanho médio, formato felpudo da cauda e focinho curto. Além disso, podem dividir o mesmo habitat.
Apesar das semelhanças, o cachorro-do-mato é ligeiramente maior que a raposa e apresenta características, inclusive em relação aos hábitos, diferentes. Eles são as espécies de canídeo mais parecidas entre si e, portanto, com maior incidência de comparação, principalmente por serem relativamente próximas.
Gostou de aprender um pouco mais sobre a raposa brasileira?
Descobrir mais curiosidades sobre animais da fauna brasileira é sempre interessante, não é? Ainda mais os que possuem hábitos tão curiosos, como a raposinha-do-mato. Junto disso, é importante saber como cada um deles se comporta para haver uma maior consciência ambiental por parte de cada pessoa.
Mesmo que esses animais sejam considerados apenas vulneráveis, é importante ter em mente que a ação irresponsável do homem é prejudicial a essa e outras espécies. Contudo, conhecer um pouco mais sobre elas é uma forma incrível de saber sua importância para ajudar a conservá-las e manter essa população crescente.
Formada em Letras - Português pela Universidade do Estado de Minas Gerais, trabalho como redatora freelance e revisora de textos acadêmicos, e-books e artigos. Apaixonada por gatos e roedores.