Gado Nelore: veja características, preço, criação e mais

Imagine uma raça de gado que faz sucesso desde que pisou em terras brasileiras pela primeira vez, sendo cheia de qualidades e apreciada por todos. Ela é bem adaptada ao clima tropical do nosso país e tem uma história marcante para a nossa pecuária, contando com números impressionantes.

Essa raça existe e chama-se Nelore! E tudo isso faz dela a representante de um dos gados mais valorizados do Brasil, seja como gado de corte, como gado leiteiro ou como gado para melhoramento genético. No mais, leia este artigo e conheça a fundo sobre o Nelore e, então, você vai entender os porquês de ele ser um dos bois mais valorizados, fazendo tanto sucesso! Vamos lá?

A raça Nelore carrega, em si, muitas singularidades. Aqui você conhecerá suas características físicas, seu tamanho, seu peso, como ela se comporta, sua produtividade, sua reprodução e seus cruzamentos. Confira:

Esta raça costuma ter pelos curtos e densos nas cores branco ou cinza-claro e, geralmente, os machos possuem o cupim (parte proeminente no dorso) mais escuro do que a fêmea. Suas orelhas são curtas, sua face é estreita e sua cabeça é em forma de ataúde.

Já o formato do pescoço difere entre os sexos: no macho, ele é mais musculoso; na fêmea, mais reduzido. Seus chifres nascem para cima, são escuros, de formato cônico, curtos, com a base mais grossa, e podem crescer para cima, para trás, “para fora” ou curvando-se para baixo ou para trás.

O Nelore representa 80% do gado no Brasil. A sua carne é muito valorizada por aqui e é a que mais se aproxima dos padrões exigidos pelo mercado nacional, sendo exportada para mais de 140 países. A sua ótima adaptação às condições tropicais do nosso país, o excelente sabor de sua carne e o seu teor baixo de gordura de marmoreio também ajudam o Nelore a ser um dos preferidos pelos produtores no Brasil.

Mas, por aqui, o Nelore não se restringe só ao corte. Embora esse seja o seu foco no nosso mercado, ele é usado também para a produção de leite e de derivados.

O Nelore brasileiro é considerado um gado de porte médio a grande. O touro adulto tem em média 1,77 m de comprimento, 1,70 m de altura de posterior, perímetro torácico de cerca de 2,30 m e circunferência escrotal de 38 cm. Quanto ao peso, é comum que o gado nelore possua mais do que 1.000 kg!

Por outro lado, as vacas da raça possuem medidas e pesagem distintas dos machos. Ou seja, uma fêmea Nelore tem comprimento de cerca de 1,65 m, altura de posterior que mede aproximadamente 1,55 m. Ademais, ela pesa cerca de 800 kg.

O Nelore tem o temperamento dócil, mas também pode ser ativo. É um gado andejo, de passo curto, ótimo para as condições do nosso país. Além disso, tanto o seu instinto de defesa própria, quanto o de defesa da cria são bem altos.

As vacas costumam parir com regularidade bezerros saudáveis e medianos e têm um instinto maternal bem apurado. Os bezerros são aptos a escaparem de inimigos naturais, sendo ágeis já quando nascem, visto que se locomovem com o rebanho imediatamente depois do parto, mamando o colostro ao nascerem.

Fechamos as características gerais do gado Nelore falando sobre reprodução e cruzamentos da raça: as vacas têm vida reprodutiva longa e prolífica, dispõem muito leite para seus bezerros e possuem uma capacidade materna considerável. Elas parem muito fácil por terem porte maior, ampla abertura pélvica e maior canal de parto, o que reduz a incidência de distocia (perturbações na hora do parto)

Já o cruzamento do Nelore com outras raças segue os mesmos princípios de cruzamento entre raças que não sejam a Nelore: buscar combinações que se ajustam melhor às condições do ambiente, da produção, das exigências do mercado, do rendimento, do peso, da precocidade, etc.

Quer saber tudo o que engloba a criação do gado Nelore? Então acompanhe o que vem a seguir para você ficar por dentro do assunto, pois tem bastante informação vindo por aí. Confira:

Para saber quanto custa um gado Nelore é preciso levar em conta alguns detalhes, como valorização, idade e peso, por exemplo. Um Nelore adulto com cerca de 400 kg tem preço médio de R$2.500,00. Um bezerro desmamado, de 18 meses, custa cerca de R$2.000,00. Uma fêmea prenha, entre R$2.000,00 e R$5.000,00. O sêmen, cerca de R$50,00.

Mas isso não é tudo. Entre os custos envolvidos, é preciso investir constantemente no melhoramento genético do rebanho, em instalações adequadas, em alimentação e nos cuidados. No mais, uma boa gestão administrativa também entra na conta.

Uma das maneiras de adquirir gado Nelore é através de leilões, que acontecem com frequência no Brasil afora. Para estar por dentro de leilões de gado Nelore no país, uma das melhores maneiras é acompanhar a agenda da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), que promove e divulga leilões oficiais da raça.

Mas você pode também recorrer a sites de classificados para negociar com pecuaristas do Brasil todo para adquirir boi, touro, terneiro, vaca, bezerro, novilho, gado leiteiro, gado de corte e gado para melhoramento genético. Fica a seu critério.

O desenvolvimento do rebanho é dividido em três fases: cria, recria e engorda. A cria dura entre seis e oito meses, do nascimento até o desmame do bezerro, para ele crescer adequadamente, forte e com bom potencial genético. A recria inicia quando o gado passa a ter uma alimentação sólida ou quando a vaca começa a rejeitar a mamada.

Já a engorda começa quando o bezerro atinge cerca de 300 kg, e tem o objetivo de proporcionar o máximo desenvolvimento do animal e de fazê-lo chegar aos 450 kg. Tal resultado será obtido através de uma alimentação própria para ganhar peso e para produzir carne com mais qualidade e quantidade.

O local ideal para criar o gado Nelore não tem uma extensão com um número exato para isso. O que define o melhor lugar é uma combinação de fatores, como clima, fase de criação, qualidade da pastagem, fertilidade do solo e tecnologia à disposição. Além disso, mão de obra é um aspecto fundamental, assim como a proximidade do local de cria ao mercado.

E tem mais: quanto maior a área do pecuarista, menor é a intensidade da criação, sendo assim, ele terá menos gasto com alimentação do animal e com a necessidade de recursos à disposição.

A alimentação do gado Nelore não tem segredo, mas requer atenção, assim como todas as raças bovinas. Uma boa opção é oferecer ao gado alimentos como pastagem, feno, silagem e forrageira verde no cocho. Eles têm baixo valor energético, mas são ótimos para fornecer ao Nelore altas proporções de fibra.

Podem ser oferecidos, também, alimentos como farelos de girassol, algodão, soja e grãos de soja, que têm proporções baixas de fibras, mas que oferecem alto valor de proteína e energia. Uma boa suplementação alimentar e uma pastagem de boa qualidade, rica em nutrientes, já bastam para o Nelore.

O confinamento do gado Nelore é um sistema de criação que conta com formas de condução e características próprias, sendo feito de três modos: em galpão fechado (embora este seja incomum no Brasil) coberto parcialmente e ao ar livre.

Na área onde o Nelore é confinado, o gado é alimentado no cocho e fica separado em áreas restritas e em lotes. O que também faz parte, além de também ser essencial, é o cercamento, que deve ser feito para essa finalidade e contar com arame apropriado e de boa qualidade.

Por ser utilizado majoritariamente como gado de corte no Brasil, nada mais justo do que falar sobre como ter o melhor manejo do Nelore como gado de corte. Para isso, é essencial pôr em prática algumas atitudes para que os esforços no manejo tenham sucesso.

Adequar fisicamente a sua fazenda para ela possuir boas condições de instalações; oferecer insumos alimentares de qualidade, livres de produtos químicos; e implantar atitudes que visam o bem-estar do rebanho, como os propostos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), vão garantir o desempenho e a saúde do gado e o sucesso do manejo.

A cor branca é a mais comum e a predominante do Nelore nas fazendas do Brasil, mas a raça possui também outras cores, as quais algumas estão cada vez mais presentes nos nossos rebanhos. Conheça todas elas a seguir.

O Nelore branco e vermelho é uma variedade consolidada da raça. Ele foi desenvolvido no Mato Grosso do Sul e possui uma qualidade genética comprovada pela Embrapa. Outro fato que foi comprovado através de estudos preliminares feitos em 2009 é que o Nelore pintado tem a precocidade, a rusticidade e a qualidade da carne superiores aos mesmos atributos da carne do Nelore tradicional.

O Nelore pintado de preto e branco segue o mesmo caminho do anterior: também surgiu no Mato Grosso do Sul, é reconhecido como uma variedade consolidada e reconhecida, e a Embrapa comprova a sua qualidade genética. E as semelhanças não param por aí. A precocidade, a rusticidade e a qualidade da carne do Nelore pintado de branco e preto também são superiores aos mesmos atributos da carne do Nelore tradicional.

As cores branca e cinza são muito comuns nesta raça. A parte acinzentada é uma característica sexual secundária apenas do Nelore macho. O macho passa a desenvolver essa combinação de cores na parte dianteira, que compreende o cupim, o pescoço e a paleta. As cores vêm conforme ele chega à puberdade e ao amadurecimento sexual, época em que ele estará preparado para se reproduzir.

E, de modo geral, isso é uma característica desejável nos machos. Ou seja, tal coloração revela que o animal tem mais disposição para se reproduzir e pode indicar que ele tem mais libido.

Outro que segue o caminho do Nelore vermelho e branco e do Nelore preto e branco, com as mesmas vantagens, é o Nelore vermelho tapado. E, devido à sua beleza e às suas vantagens, atualmente, este gado, seja ele tapado, vermelho e branco, ou preto e branco, vem ganhando cada vez mais espaço nas fazendas de todo o Brasil.

O Nelore vermelho, no Brasil, surgiu por acaso em 1906 com uma novilha branca importada da Índia que deu cria à primeira bezerra vermelha, chamada Itabira. Como é comum que os bezerros Nelore nasçam vermelhos, Itabira deu cria a bezerros vermelhos que continuaram com essa cor até a fase adulta.

Com o tempo, foi descoberto nascerem bezerros que continuavam vermelhos mesmo após adultos, ao cruzarem a Itabira com Nelores brancos. Isso revelou que a raça possui um gene recessivo que gera animais adultos vermelhos. Por causa disso, alguns criadores começaram a proliferação dessa genética e hoje temos, definitivamente, o Nelore vermelho.

O Nelore tabaco é muito comum na Índia. Lá ele tem variação de tons e a pelagem é padrão da raça. No Brasil, por outro lado, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) não reconhece essa cor como padrão, o que impossibilita que o Nelore tabaco seja registrado aqui no país.

Já havia sido pedido ao conselho deliberativo técnico o registro desse tipo de Nelore, mas o conselho não aceitou a solicitação. É por esse motivo que o Nelore tabaco ainda continua não sendo reconhecido como padrão da raça por aqui.

Conheça a história do gado Nelore, como ele chegou aqui no Brasil, o que faz com que o nosso país seja um destaque na criação dessa raça, quem foi o touro Karvadi e qual a sua importância para a formação do Nelore brasileiro atual. Acompanhe a seguir:

A raça Nelore, na verdade, chama-se Ongole e é originária da Índia. Foi levada para lá pelas tribos arianas há mais ou menos 2.000 anos antes de Cristo e é o resultado do cruzamento entre o Ongole com outras 14 raças diferentes.

Na Índia, o Nelore foi submetido a condições climáticas extremas. Às terras áridas do Belushistan, ao inverno gelado do Punjab, às terras aluviais do Ganges e às terras quentes do mar de Bengala. Todas essas condições foram palco de adaptações e de mutações, as quais forneceram à raça Ongole os genes adaptativos que são agora presentes e vantajosos no Nelore moderno.

O Nelore chegou ao Brasil em 1868, em Salvador, e ao longo do tempo foi sendo introduzido nas outras partes do nosso território. Hoje, o país conta com mais de 200 milhões de cabeças de gado, das quais 160 milhões são da raça Nelore ou anelorado.

A importância desta raça no Brasil é tão grande que ultrapassa as fronteiras do nosso país, já que o Nelore brasileiro é exportado para mais de 140 países, como já dito aqui antes, o que prova que ele é bem requisitado. Tudo isso torna o Brasil um destaque na criação do Nelore.

Não tem como falar da história do Nelore no Brasil sem falar do Karvadi (1952-1972), um touro Nelore nascido na Índia e importado para o Brasil em 1962 por Torres Homem Rodrigues da Cunha. Tetracampeão na Índia e Supercampeão da Ásia, o Karvadi é considerado um ídolo da pecuária nacional até hoje.

A coleta de sêmen do Karvadi começou em 1966 e até hoje esse genearca é o maior fornecedor em proporção de genes para a formação do Nelore brasileiro atual, estando presente em pelo menos 70% do rebanho nacional. Isso o torna "pai" do Nelore contemporâneo do Brasil.

Se há quem pense que o Brasil é só o país do futebol e do carnaval, é porque não conhece o gado Nelore e o sucesso estrondoso que ele faz na pecuária nacional. Seus 80% de presença nos nossos rebanhos e sua exportação para mais de 140 países já bastariam para afirmar que ele é um fenômeno por aqui.

O que também o faz exitoso no nosso país são as vantagens que ele oferece, como: a excelente adaptação ao nosso clima e às nossas terras; o excelente sabor de sua carne; a sua facilidade de reprodução, cruzamento, criação e alimentação; ser o preferido como gado de corte; e ter alto potencial de melhoramento genético.

Então, com todas essas qualidades, nada mais justo do que dizer que o Brasil é o país do gado Nelore. Isso você pode dizer sem medo de errar.