Conheça o exótico Dragão Azul!
O Glaucus atlanticus, conhecido como Dragão Azul, é um daqueles animais que possuem uma beleza peculiar. A sua cor azul-metálico predominante deixa de boca aberta até mesmo quem não conhece muitas espécies marinhas. E, devido à raridade deste molusco, a sensação de admiração e beleza que se pode ter por eles é ainda maior.
Para completar, o formato do corpo dragão azul é único, o que também faz despertar a atenção de todos, principalmente daqueles que o avista pela primeira vez.
Ficou curioso para conhecer a beleza do Dragão Azul? Então leia o que vem a seguir, porque você vai descobrir que essa espécie de nudibrânquios é bela não só na sua aparência, mas sim como um todo.
Características do Dragão Azul marinho
O Dragão Azul é um nudibrânquio com características bem próprias. Fique por dentro dos nomes que ele tem, saiba como é a sua aparência, onde ele costuma viver, como se reproduz e do que se alimenta. Veja:
■Nome
Segundo a sua classificação científica, ele se chama Glaucus atlanticus. E além desse nome, ele é conhecido por ter outros, digamos, mais informais.
Ele também “atende” por Dragão Azul, lesma azul do oceano, lesma azul do mar e andorinha do mar. Então, você já sabe: se ouvir falar de qualquer um desses nomes por aí, já vai saber de quem estão falando!
■Aspectos visuais do Dragão Azul do mar
A aparência física deste molusco chama a atenção pela beleza da sua cor predominante azul-metálica e pela cor prateada. O azul fica virado para cima, na parte dorsal, enquanto a cor prata fica virada para baixo, na parte ventral.
O Dragão Azul mede de 3 a 4 cm, podendo chegar a 6, mas esse já é um caso raro. Ele possui também uma característica bem peculiar, como o corpo ter o tronco plano e ser levemente em forma de cone.
Outros dois detalhes chamam a atenção: a rádula com dentes que se parecem com miniaturas de espadas e os seus seis apêndices que vão se transformando em ramos. Por último, este molusco possui pé raiado com faixas na cor azul escura ou preta no sentido longitudinal.
■Distribuição e habitat do Dragão Azul
Ele costuma ser encontrado com muita frequência na Austrália e na África do Sul, mas sabe-se que ele está presente nas águas marinhas tropicais e temperadas do mundo todo.
Como a existência do Dragão Azul é predominante na Austrália e na África do Sul, não se sabe ao certo o motivo da migração dele para outros lugares. Acredita-se que ele se desloca em busca de alimentos, como a água viva. Mas uma outra suposição é a de que o Dragão Azul migra ao ser levado pelas correntes marinhas, já que ele passa a vida toda flutuando sobre as águas.
■Reprodução do Dragão Azul
Uma curiosidade em relação à reprodução desta espécie é que esse molusco é um ser hermafrodita, como grande parte dos nudibrânquios, ou seja, ele possui órgãos sexuais masculinos e femininos ao mesmo tempo.
Embora a maioria dos nudibrânquios copulem pela lateral, geralmente pelo lado direito, o dragão azul copula pela região do ventre e produz entre 4 e 6 cargas de ovos depois da cópula, com cada uma das cargas contendo de 36 a 96 ovos. Ademais, outro fato interessante sobre a reprodução deste pequeno molusco é que ele pode produzir até 8.900 ovos diariamente.
■Alimentação do Dragão Azul
O Dragão Azul é um ser bem pequeno, mas, por incrível que pareça, ele se alimenta de organismos maiores do que ele. Seu prato favorito é a água-viva, mas ele se serve também de caravelas-portuguesas e de outros cnidários portadores de células urticantes, como medusas e sifonóforos venenosos.
O seu modo de comer é o de sugar e engolir as suas presas inteiras. E o Dragão Azul não se intoxica com o veneno delas, porque ele é imune a isso! Agora, caso haja competição dentro da espécie devido à baixa oferta de alimentos, ele é capaz de atacar outro Dragão Azul para matar sua fome.
Curiosidades sobre o Dragão Azul marinho
Agora que você já conhece as principais características do Dragão Azul, saiba como ele se defende e para que serve a sua cor. Ademais, entenda o que o diferencia das lesmas e conheça mais sobre a resistência que ele tem ao veneno das suas presas. Confira!
■Origem do Dragão Azul
A origem do Dragão Azul vem da família Glaucidae, do grupo das lesmas do mar, e os seus ancestrais são os nudibrânquios, que são da subordem dos moluscos gastrópodes marinhos. Como exemplo de animais desta espécie, podemos citar as lesmas do mar, as lapas e os caracóis.
Este pequeno molusco foi descoberto em 1777 por Georg Forster, que exerceu diversas ocupações, como naturalista, escritor, professor universitário, antropólogo, biólogo, botânico, etnologista, jornalista, dentre outras, e o local de descoberta deste animal foi em Queensland, na costa leste da Austrália.
Embora esse país seja o lugar onde o Dragão Azul foi visto pela primeira vez, hoje sabe-se que o seu “berçário” fica lá e na África do Sul, locais com a maior presença desta espécie.
■A cor do Dragão Azul o ajuda a se camuflar no oceano
Apesar de o Dragão Azul ter uma aparência bela por causa das suas cores, elas não estão ali por acaso. O azul presente na parte de cima do seu corpo tem duas funções: a de camuflar este molusco contra as aves à procura de presas no mar e a de se esconder no fundo do oceano.
Já a parte prateada, virada para baixo, tem outra função de defesa: ajudar o dragão azul passar despercebido dos peixes e de outros predadores que estão abaixo dele enquanto ele flutua tranquilamente na superfície.
■Sistema de defesa do Dragão Azul
Embora ele tenha o aspecto de um ser vivo indefeso, isso é só aparência, porque ele tem um bom sistema químico de defesa contra seus predadores.
Para isso, ele extrai de suas presas e armazena em seu corpo células urticantes conhecidas como cnidócitos, além de outras substâncias químicas. Ao contrário dos cnidários dos quais ele se alimenta, o Dragão Azul não é urticante, mas pode vir a ser ao lançar esses cnidócitos que ele armazenou em seu corpo para se defender.
Este molusco usa esse artifício como defesa, quando provocado, causando queimaduras, como fazem as águas-vivas.
■Mesmo sendo da mesma família, o Dragão Azul é diferente das lesmas
O que o Dragão Azul e a lesma têm em comum é que os dois são moluscos, pertencem à classe dos gastrópodes e são seres hermafroditas, mas mesmo sendo moluscos, eles têm mais diferenças do que semelhanças.
As lesmas que nós conhecemos são da ordem Pulmonata, onde estão classificadas a maior parte delas, enquanto o Dragão Azul é um molusco nudibrânquio da família Glaucidae, além de ser o único do gênero Glaucus.
Outra grande diferença entre eles é que a lesma, exceto a lesma marinha, é um animal terrestre, enquanto o Dragão Azul é um animal marinho.
■O Dragão Azul é muito resistente ao veneno das presas
O Dragão Azul tem uma grande vantagem contra suas presas, que são as águas-vivas e as caravelas-portuguesas, espécies de nematocistos: ele é imune ao veneno desses organismos.
Ainda que o veneno deles seja potente, não causa mal algum ao Dragão Azul, inclusive, este molusco aproveita o veneno de suas presas tanto para atacar as suas próximas presas, quanto para se proteger de seus predadores.
Para isso, ele armazena o veneno na ponta de seus apêndices e o adapta ao veneno que ele já tinha armazenado antes. Isso faz com que ele seja cada vez mais perigoso para suas presas e seus predadores!
O Dragão Azul é uma espécie que surpreende!
Surpresa é a palavra certa para definir este molusco. Ele surpreende o ser humano pela beleza da sua cor, pelo formato do seu corpo, pela sua aparência dócil, pela maneira como se reproduz, pela forma como se defende dos predadores e pelas curiosidades que o envolvem! E quem também se surpreende são suas presas, que não esperam ser atacadas por um ser menor e, muito menos, ainda acabar virando refeição dele.
Depois de conhecer o Dragão Azul, deu até vontade de vê-lo por aí, não é? Quem sabe um dia você acaba sendo surpreendido por um no mar. Mas, cuidado! Ainda que seu veneno não mate um ser humano, pode lhe causar problemas. Aprecie o encontro, mas não deixe que essa surpresa boa se torne uma surpresa desagradável.