Bacurau: descubra curiosidades, lendas e muito mais sobre o pássaro!

Curiango, carimbamba, ju-jau, amanhã-eu-vou. Todos esses nomes referem-se a apenas um pássaro: o Bacurau (Nyctidromus albicollis), um belíssimo animal do Cerrado. Eles, animais curiosos e exploradores, são excelentes voadores capazes de se alimentar de vários seres vivos distintos e, inclusive, inspiraram o nome de uma obra cinematográfica nacional vencedora de vários prêmios, em 2019.

Assim, neste artigo, vamos nos aprofundar nas características dessa ave, muito conhecida por seus hábitos noturnos e pela habilidade de se camuflar de predadores. Além disso, iremos descobrir fatos sobre seu habitat, sua reprodução e seu comportamento.

Quer saber mais? Essas e muitas outras curiosidades e lendas envolvendo o pássaro estão no artigo que você vai ler agora. Aproveite a leitura!

O Bacurau é um pássaro belo e fascinante capaz de encantar qualquer um que o veja. Visto isso, a seguir, você descobrirá características que aprofundarão seus conhecimentos acerca dele, por exemplo, características visuais, tamanho e peso, origem e, inclusive, conhecerá a fundo o comportamento do bicho. Vamos lá?

O macho, quando adulto, tem as asas marrom acinzentadas com pequenas manchas. Quando em voo, fica visível a ampla faixa branca em sua asa. Já na fêmea, somente a ponta da asa é branca, apresentando uma faixa estreita de coloração bege ou amarelada.

O Bacurau possui bico curto e negro, além de olhos marrom-escuros. Suas pernas são curtinhas e, assim como os pés, são acinzentadas. A garganta do pássaro, por sua vez, possui uma grande mancha branca. Inclusive, a coloração e as manchas no corpo do Bacurau, lembram, curiosamente, as corujas!

São encontradas aves da espécie entre 22 a 28 cm de comprimento. Para se ter uma noção melhor do tamanho, o Bacurau é um pouco menor que uma calopsita. Suas asas, entretanto, são grandes e podem medir até metade do comprimento da cauda da ave.

O peso desse é uma característica que marca o dimorfismo sexual (diferenças entre machos e fêmeas de uma mesma espécie). O Bacurau macho pode pesar entre 44 a 87 g, enquanto a fêmea costuma atingir um peso entre 43 e 90 g.

Os pássaros Bacurau estão espalhados por regiões florestais de todo o Brasil, principalmente no Cerrado ou em campos com árvores espaçadas, ou seja, são aves que apreciam climas tropicais com temperaturas um pouco mais elevadas. O Bacurau também está presente em outros países da América do Sul e Central com temperaturas semelhantes às brasileiras, além de habitar, na América do Norte, o extremo sul dos Estados Unidos e o México.

O Bacurau é um pássaro pequeno que prefere a noite ao dia. Seu canto marcante rendeu até algumas alcunhas populares para nomeá-lo. Apesar de voar muito bem, vive no chão, escondendo-se sempre e à espreita de insetos.

Ver um Bacurau durante o dia não é comum, mas pode acontecer, caso o pássaro tenha se assustado e resolva voar para fugir. Além de muito ágeis, os pássaros da espécie são excelentes voadores.

Quanto ao canto do animal, por ser um pássaro noturno, seus sons são ouvidos principalmente à noite. A ave, assim como o pássaro conhecido como “quero-quero”, tem um canto característico que a batizou. Quando a noite se adensa, ela muda o som emitido e passa a cantarolar o assobio “cu-ri-an-go”, fato que faz com que ela também seja conhecida por esse nome.

Por ser um pássaro ágil, de hábito noturno e se alimentar basicamente de insetos variados, o Bacurau não tem grandes dificuldades para encontrar alimento. Descubra, a seguir, quais são os rituais alimentares realizados pela ave:

O pássaro Bacurau consome insetos de várias espécies, dentre eles: besouros, abelhas, mariposas, borboletas, vespas e até mesmo formigas. Ou seja, localizar alimento está longe de ser uma missão difícil para um Bacurau.

São muito habilidosos em seus voos e podem capturar insetos em áreas abertas ou em matas fechadas com a mesma agilidade. A diferença é que na mata ainda contam com a camuflagem como uma estratégia.

Pássaros que vivem a maior parte do tempo no chão, mas desenvolveram excelentes habilidades de voo e são muito ágeis quando estão no ar. Estes são os Bacuraus. Com essa estratégia, conseguiram ampliar seu cardápio de insetos e incluir também os voadores em sua alimentação.

O Bacurau, apesar de ser um pássaro de pequeno porte, possui asas grandes que permitem uma maior agilidade em seus voos. Assim, rapidamente, o pássaro consegue sair de uma posição imóvel, perseguir e capturar pequenos insetos voadores que passavam distraídos.

Quando chega a noite e o silêncio reina, o pássaro Bacurau decide sair e ir em busca de alimento. A principal vantagem do Bacurau ao se alimentar é que seu hábito noturno o permite encontrar uma variedade grande de insetos, fato que diminui sua disputa por alimento com outras espécies diurnas.

As mariposas e os besouros, assim como o Bacurau, têm hábitos noturnos e são insetos muito numerosos. Acabam por se tornar presas fáceis para o pássaro, que pode se camuflar e voar por entre as árvores ou em campos abertos atrás de sua presa. Além desses, existem muitos outros insetos que preferem a noite ao dia, como moscas e mosquitos.

Confira, a seguir, como se dão a formação do ninho e todos os processos envolvidos na incubação dos ovos. Ademais, descubra também como ocorre a proteção, a camuflagem e o desenvolvimento dos filhotes. Veja:

O ninho do Bacurau está longe de ser repleto de galhos entrelaçados que alguns pássaros cuidadosamente constroem para seus filhotes. Na verdade, ele se resume a um pequeno buraco ou depressão no solo, onde os ovos são depositados.

Tais ovinhos medem cerca de 27 x 20 mm e possuem uma coloração rosada com manchas um pouco mais escuras. É comum que o Bacurau deposite dois ovos em uma ninhada, em dias alternados que pesam, em média, 5,75 g.

O período de incubação dura em torno de 19 dias e ambos os pais exercem a atividade de chocar os ovos, ainda que a fêmea seja mais presente nesse período. Quando eles finalmente eclodem, os filhotes recém-nascidos passam de 20 a 25 dias sob os cuidados dos pais até abandonarem o ninho.

Comportamento comum entre as aves na tentativa de proteger seu ninho, o despiste pode ocorrer antes ou depois da eclosão dos ovos.

Entre os Bacuraus, os comportamentos identificados são a fuga direta, quando o pássaro muda de local pousando em diferentes pontos e distraindo o predador, e a ação de saltar e bater as asas contra o chão simulando que está machucado, conhecida como asa quebrada.

A plumagem dos filhotes de Bacurau possui uma coloração que reforça a adaptação genética ao meio ambiente. Ela é quase idêntica ao solo onde vivem, e o pássaro pode facilmente se camuflar de predadores entre as folhagens e garantir mais tranquilidade ao se movimentar.

Pequenos e praticamente da mesma cor das folhas, é muito difícil identificá-los. Com isso, os filhotes podem sair em busca de seu próprio alimento, explorar o ambiente e se preparar para a vida fora do ninho.

A alimentação dos filhotes é feita principalmente pelo Bacurau macho. Além disso, sempre atento às ameaças, o adulto se utiliza do comportamento “asa quebrada” para distraí-lo do ninho, protegendo a prole. Após cerca de 20 dias de vida, os filhotes começam a fazer pequenos voos coordenados. Quando retornam, quase não se movem e ficam camuflados entre as folhas.

O pássaro Bacurau tem presença garantida em diversas lendas brasileiras contadas, em sua maior parte, pelos primeiros habitantes das terras tupiniquins. A cultura indígena, que se utiliza de elementos da natureza e dos seres que nela habitam para criar belas histórias, não faria diferente com o Bacurau. Por isso, descubra, a seguir, lendas e mistérios bastante interessantes envolvendo essa ave:

Certa vez, muito antes de Pedro Álvares Cabral pisar em terras brasileiras, uma embarcação fenícia estava a caminho do Brasil. Diz a lenda que o povo fenício, que se destacava por sua habilidade na navegação, já havia nos visitado anteriormente.

A bordo desta embarcação estava um escriba, que vivia ocupado com seus pergaminhos. Ao chegar em terra firme, ele acabou se perdendo e foi parar em uma tribo indígena. Os índios, então, confundiram o homem com um "Deus-Pássaro" e vestiram-no todo de branco.

O deus Tupã, famosa entidade da mitologia tupi-guarani, ficou muito bravo com a cena e resolveu transformar o escriba em um pássaro, que foi batizado de Bacurau. Foi assim que surgiu a expressão “É dizendo e Bacurau escrevendo”, remetendo ao escriba que não parava de registrar toda a situação em seu pergaminho. Interessante, não?

A lenda se passa no período colonial do Brasil e narra que, certo dia, um Bacurau avistou uma moça cavalgando pela mata. Ela era muito bela e o pássaro logo se apaixonou e começo a segui-la. De repente, o cavalo se irritou durante o percurso e, impulsivamente, resolveu saltar o rio. O animal e sua dona caíram, desacordados, do outro lado do rio.

O Bacurau, ao observar a cena, resolveu consertar a sela esfolada do cavalo e colocar algumas de suas penas entre a sela e a manta. A moça acordou e montou novamente no cavalo, e os dois nunca mais tiveram problemas ao cavalgar.

Uma lenda muito curiosa diz que a pena do Bacurau cura a dor de dente. A tradição indígena diz que a criança, ao perder o dente, deve jogá-lo no telhado da oca e dizer ao Bacurau para trazê-la um dente bonito e forte no lugar.

Em determinada ocasião, a índia Jurema, famosa na literatura nacional, estava com uma forte dor de dente e foi se queixar ao pajé, que a aconselhou que o extraísse. A índia se recusou e decidiu pedir ao Bacurau que curasse seu dente, afinal, se o pássaro era capaz de trazer dentes bonitos, poderia curá-la. Na mesma hora, uma pena de Bacurau caiu sobre a índia e fez com que sua dor passasse.

O pássaro que leva o nome de Bacurau carrega junto a si muito da cultura popular. Presente em diversas lendas, conforme mencionado anteriormente, o Bacurau ficou conhecido até por ser o nome do filme do diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho, lançado em 2019, que possui forte crítica social.

Visto como pequeno e inofensivo, o Bacurau na verdade é um pássaro ágil e sagaz em seus voos noturnos. Desenvolveu, inclusive, incontáveis estratégias para despistar seus predadores e poder se movimentar pelo chão da mata sem ser visto.

Ele representa uma das espécies mais conhecidas no Brasil é um grande representante da fauna nacional e se faz presente em diversas lendas. Ainda assim, é uma ave misteriosa que só resolve aparecer quando o silêncio da noite chega.