Carneiro Santa Inês: conheça mais sobre essa raça de ovinos

Quando se fala acerca da criação de ovinos, várias pessoas pensam logo em ovelhas fofas e cheias de lã. Inclusive, as ovelhas peludas, por serem os ovinos que mais aparece em histórias e notícias, transformaram-se na representação padrão da espécie.

Entretanto, nos últimos anos, abriu-se uma nova porta para os pecuaristas brasileiros, os quais apreciam, em grande parte, a ovelha Santa Inês, uma raça de ovinos sem lã. A pecuária ovina de corte vem apresentando um forte crescimento econômico, com bons preços e uma alta procura pela carne dos carneiros.

Devido a esse cenário, diversos pecuaristas mudaram sua criação e aumentaram o seu rebanho. Diante disso, caso você se interesse pela pecuária ou pela ovinocultura, conhecer o carneiro Santa Inês é imprescindível para ampliar seu repertório. Vamos lá?

Esqueça a visão da ovelha felpuda. A raça Santa Inês é diferente, mas nem por isso é desvalorizada. O foco aqui está na carne, na pele, na reprodução dos melhores animais e, futuramente, na participação de programas de pesquisa para o melhoramento genético da produção de ovinos para abate.

A seguir, conheça mais sobre as características que fazem a Santa Inês se destacar no mercado.

A raça de ovinos Santa Inês é originária do Nordeste Brasileiro, através de cruzamentos e seleção natural com base nos genes das raças: Morada Nova, Somalis, Bergamácia e outras ovelhas Sem Raça Definida (SRD).

Após todo o processo, surgiu uma raça de grande porte e sem lã, perfeita para o corte e para a produção de couro a partir da sua pele. A Santa Inês surgiu para agregar grande valor à ovinocultura, por todas suas qualidades que as tornam eficientes e produtivas. Ela é uma excelente alternativa para a produção de carne no Brasil, adaptável a quase todas as regiões do País.

O ovino da raça Santa Inês é desprovido de lã, com pelos curtos e finos. Sua pele é pigmentada e possui uma grande variedade de cores entre os animais, entre elas vermelho, castanho e malhado de branco e preto.

Porém, por estética, existe uma grande busca pelo animal de pelagem preta. A depender do clima, essa pode ser uma desvantagem, pois estudos comprovam que o pelo preto absorve radiação solar, prejudicando a temperatura do animal e aumentando a incidência de doenças.

As fêmeas possuem pesos que variam de 60 kg a 90 kg, e os machos de 80 kg a 120 kg. Esses são ovinos de porte médio que possuem pernas e orelhas compridas, com troncos fortes, quarto dianteiro e traseiros grandes.

A pele é de alta qualidade, a carne de sabor delicado e fácil digestão. Apesar de alguns animais apresentarem algumas restrições quanto à carcaça, com pouco desenvolvimento, o mérito da raça não é diminuído frente aos bons resultados na produção de carne.

Os animais dessa raça são muito sociáveis, gostam de estar perto de pessoas, por isso, ele tornou-se de fácil domesticação.

Apesar das suas facilidades, são animais exigentes quanto à alimentação, sempre em busca de locais com excelentes forrageiras. Andam com bastante desenvoltura e apresentam comportamento bastante ativo, explorando o ambiente, diferente dos lanados europeus.

Os ovinos deslanados possuem hábitos alimentares um pouco diferentes dos lanados, com uma maior aceitação de plantas de folha larga. Dessa forma, tem-se uma maior diversidade de plantas, ponto importante em pastos com grande diversidade de espécies.

É preciso ter cuidado, pois, costumam se perder do rebanho durante suas explorações.

Uma importante característica para o rápido e excelente crescimento da criação de ovinos da raça Santa Inês é a produção contínua de cordeiros. As fêmeas são prolíferas e podem ser acasaladas durante todo o ano, com a preparação adequada e nutrição balanceada.

As matrizes são conhecidas por partos duplos e frequentes, ótima produção de leite para os cordeiros e extraordinária capacidade materna. Assim, aumentam-se as chances de sobrevivência durante o período perinatal (após o nascimento).

Além disso, as fêmeas da raça Santa Inês ainda podem apresentar cio pouco tempo após o parto, diminuindo o intervalo entre partos para períodos inferiores a 8 meses. Conseguem desmamar cordeiros acima do peso e com uma saúde incrível.

Com todas as vantagens mencionadas até aqui, fica a curiosidade: qual o valor de venda de um ovino Santa Inês, seja cordeiro ou carneiro, e qual o custo necessário para manter essa criação. Além disso, como encontrar um Santa Inês também é uma dúvida válida. Confira abaixo as informações que você precisa para começar a investir nessa raça.

Com o mercado aquecido e o crescimento incontestável de criações por pecuaristas, os valores de compra e venda, tanto do animal vivo, quanto da carne do cordeiro, têm um aumento considerável. A comercialização do animal pode ser por peso vivo ou pela carne do animal abatido. No caso do carneiro filhote, o valor da carne é maior que o valor do animal vivo.

Para os cordeiros, os valores variam entre R$9,00 e R$13,00 por kg do animal vivo, podendo chegar a R$20,00 em alguns estados e a depender do estado do animal. Já o preço da carne do cordeiro, no varejo, varia entre R$35,00 e R$55,00.

Já no caso dos carneiros adultos, acontece o inverso em relação à importância do valor pelo peso vivo ou carne do animal abatido. O motivo é devido à reprodução.

Quando o animal está adulto, sabe-se se ele é um bom reprodutor ou não e, por isso, sua carne torna-se menos valiosa do que o seu peso vivo, além de o crescimento afetar a qualidade da carne.

Para os carneiros, o valor do preço por kg do animal vivo pode variar entre R$5,00 e R$9,00. Entretanto, a maior rentabilidade é proveniente da venda do carneiro reprodutor. Os valores dos reprodutores variam de R$1.600,00 a R$4.000,00, a depender se o animal é Puro Sangue ou não.

Caso deseje comprar ovinos Santa Inês para iniciar sua criação ou expandir uma criação já existente, você poderá comprá-los diretamente com o produtor, em feiras de exposição ou em diversos sites espalhados pela internet.

Entretanto, tenha muito cuidado com o animal que você está adquirindo. Existem muitas particularidades que podem baixar o valor do animal e o vendedor não avisar, vendendo-o a um preço caro e usando de má fé na venda.

Características como a linhagem do animal, a forma como foi criado, se possui doenças, se é um bom reprodutor, entre outras, interferem bastante no valor do animal. Por isso, antes de comprar, busque o máximo de informações sobre o produtor e o animal. Dessa forma, você saberá a qualidade que está adquirindo para a sua criação.

Os preços são os mais variados, podendo flutuar entre as altas e baixas estações. Caso, além dos carneiros acima, procure ovelhas para aumentar o rebanho, os valores das matrizes variam de R$ 600,00 a R$ 4.000,00. Tudo depende da linhagem, se a ovelha é Puro Sangue ou se não tem raça definida.

Por ser uma raça sem lã, a Santa Inês adapta-se facilmente às variações climáticas brasileiras e diminui o custo do produtor com vermífugos. Animais lanados, que não são adaptados ao nosso clima, estão suscetíveis a doenças e diversos parasitas, por isso, precisam ser vermifugadas diversas vezes, o que pode tornar a ovinocultura insustentável.

Em relação aos cordeiros, a raça Santa Inês não precisa da descola (corte da cauda), procedimento que gera problemas de cicatrização e, muitas vezes, tétano, o que gera perda de cordeiros e prejuízos. A raça também é bastante resistente a parasitas gastrintestinais, grande dor de cabeça para os produtores de ovinos.

Quando comparada às outras raças, a Santa Inês sai na frente no quesito carne e reprodução. As matrizes são prolíferas, com um período reduzido entre gestações, o que fornece uma grande quantidade de gestações e cordeiros, acontecendo gestações duplas com frequência.

Não podemos esquecer da carcaça ser um fator com grande influência no rendimento, pois interfere no peso vivo do animal, ponto de grande lucro, principalmente entre os cordeiros.

Ao receber um bom aporte nutricional e um manejo adequado, um lugar de pastagem com variedade de plantas consumidas pela raça e cuidado com doenças, teremos maiores rendimentos e carcaças com um adequado engorduramento.

Após o entendimento de todas as informações, percebemos o grande valor da raça Santa Inês, altamente adaptável ao nosso clima e com um grande valor lucrativo para os produtores.

A raça Santa Inês elevou o status da produção de carne da ovinocultura e permitiu que diversas pessoas pudessem conhecer a qualidade da carne desse animal.

Ao unir todas as características e qualidade agregadas da raça, Santa Inês consegue destacar-se continuamente. Para quem deseja começar na criação de ovinos, é altamente recomendável que comece por esta raça.