Peixes de água ácida: veja espécies populares e dicas importantes

Ainda que existam muitas espécies de peixes dulcícolas e marinhos, a correção do pH, índice químico do potencial hidrogeniônico da água, é determinante no modo de vida dos peixes de água ácida.

Conhecer as principais espécies, seus hábitos e o nicho ecológico em que elas vivem é crucial antes de adotar um desses peixes. Para os aquaristas, controlar o pH de um aquário é um saber fundamental.

Neste artigo, além de conhecer 16 espécies, você saberá regular a faixa de pH do habitat desses peixes para que eles vivam ainda melhor. Vamos lá?

Há algumas espécies que, ainda que sejam muito visadas por aquaristas, não têm a predileção pela acidez da água tão difundida. Por exemplo, os peixes Tricogasters, Colisas, Néons e Cascudos, amplamente conhecidos, devem habitar aquários de água ácida, a maioria entre uma faixa de 6 a 7.

O peixe Tricogaster (Trichogaster trichopterus) é um animal naturalmente encontrado em pântanos, brejos e lagos. É originário da Ásia, de países como China, Vietnã e Malásia. Foi trazido à América do Sul como peixe ornamental e é, atualmente, muito apreciado por aquaristas de todo o mundo.

O animal é encontrado, geralmente, nas cores azul e amarelo, podendo mudar sua cor de acordo com variações de humor! Seus parâmetros de água ideais são: pH levemente ácido, entre 6 e 7 e dureza (concentração de sais de cálcio e magnésio) entre 5 e 19.

Os Colisas (Colisa ssp.) são peixes ornamentais muito pacíficos e territorialistas apenas com outros animais da mesma espécie. Também são originários da Ásia, predominantemente da Índia.Elas são facilmente encontradas em lojas especializadas em animais aquáticos, principalmente o Colisa Lalia e o Colisa Cobalto.

Os Lalias são bem coloridos e possuem listras azuis e vermelhas pelo corpo. Já os Cobaltos possuem um atraente e chamativo tom de azul. Devem ser criados em aquários com pH entre 6 e 7.5, com temperaturas, em média, de 24° C a 28º C.

Já os Néons ou Tetra-Néons (Paracheirodon innesi) provêm do continente sul-americano e são peixes cardumeiros, ou seja, apreciam bastante conviver em grupos. Eles são bem chamativos: possuem faixas iridescentes refletoras azuis, faixas vermelhas de ambos os lados do corpo e abdômen transparente.

Ainda que sejam fáceis de criar em aquários, a faixa de pH dos néons é um pouco mais restrita: de 6.4 a 6.8. Já a temperatura ideal ocorre por volta de 26º C.

Os Cascudos, popularmente conhecidos como “limpa vidros”, correspondem a várias espécies da família dos Loricariidae. Possuem a boca parecida com ventosas e se alimentam de lodo, algas e matérias orgânicas.

Em geral, os cascudos chamam bastante atenção devido aos singulares hábitos alimentares e ao formato corporal. Como são peixes grandes, podendo chegar a mais de 50 cm de comprimento, precisam de aquários grandes de, no mínimo, 200 litros e o pH ideal para eles é levemente ácido, entre 6 e 7. Ademais, eles vivem bem em temperaturas tropicais.

Além dos conhecidos animais anteriormente citados, há outros que também habitam águas ácidas. A seguir você conhecerá, em detalhes, 12 espécies de peixes: Black Phantom, Glowlight, Tucano, Mato Grosso, Ramirezi, Neon Negro, Foguinho, German Kaiser, Tanictis, Rasbora Naevus, Mocinha e Rodóstomo. Vamos lá?

O peixe Tetra Black Phantom, também chamado de Fantasma Negro (Megalamphodus megalopterus) é um tetra singular devido aos seus diferentes atributos físicos e à sua coloração. O animal é nativo do tradicional rio Madeira, na Bacia Amazônica.

Há, inclusive, uma variação ornamental do Black Phantom a qual possui nadadeiras mais longas. Tais peixes de água ácida, precisam de acidez entre os graus 5.5 e 7 e apreciam águas tropicais até 28º C.

O Tetra Glowlight (Hemigrammus erythrozonus) é uma espécie que possui um brilho intenso que cobre seu corpo especialmente na faixa vermelha que percorre toda sua lateral. Quanto mais o aquário estiver ambientado com as condições ideais para o peixe, com o pH entre 6 e 7.5 e a temperatura de 23º C a 28º C, mais seu brilho se evidencia.

Os belos Tetras Tucanos (Tucanoichthys tucano), assim como os demais tetras, são cardumeiros. Provêm de uma afluente do Rio Negro, na Bacia Amazônica. São onívoros, apresentam dimorfismo sexual evidente e são, também, ovíparos. Precisam de águas com pH ácido, entre 6 e 7 e de um aquário que suporte, no mínimo, 30 litros.

Compondo a lista de peixes de água ácida, os peixes Mato Grosso (Hyphessobrycon eques) também compõem o grupo dos tetras e são belíssimos animais aquáticos ornamentais. Eles, relativamente pequenos, chegando a até 4 cm de comprimento, habitam tipicamente rios sul-americanos. Ademais, a predominância de cardumes no Pantanal os deu o nome característico do estado mato-grossense.

Esses peixes apreciam águas com faixa de pH entre 5 e 7, são onívoros e precisam de aquários com, no mínimo, 70 litros.

Já o Ramirezi (Microgeophagus ramirezi) é um peixe pacífico e tímido originário do Rio Orinoco, na América do Sul. São peixes muito bonitos, chamativos e podem ser territorialistas com os demais da mesma espécie. Ademais, são pequenos, não atingindo mais de 4 cm de comprimento.

Para que se sintam confortáveis, é preciso que o aquário no qual os peixes habitarão seja bem estabilizado. Eles demandam águas com pH ácido entre 5 e 6.5.

O peixe Neon Negro (Hyphessobrycon herbertaxelrodi), também chamado de Black Neon Tetra, assim como os peixes Mato Grosso, é abundante no Pantanal mato-grossense. Ainda assim, também é visto no Rio Taquari, um dos afluentes do Rio Paraguai. Em natureza, aprecia muito viver em córregos e em várzeas inundadas com vegetação submersa.

O Neon Negro possui o corpo predominantemente preto com uma faixa longitudinal brilhante, característica dos tetras, e deve ser preservado em águas com pH ácido entre 5.5 e 7.

Ademais, o Tetra Foguinho (Hyphessobrycon amandae) ou Tetra Amandae é outra espécie procedente de águas ácidas. É um animal originário da América do Sul e costuma ter porte bem pequeno, atingindo cerca de 2 cm de comprimento.

Quando em aquário, é recomendado mantê-lo em um habitat com plantas aquáticas abundantes, já que seu tamanho reduzido exige esconderijos efetivos capazes de assegurar segurança e conforto. Inclusive, é importante ressaltar que o pH ideal para o Tetra Foguinho costuma permanecer entre 6 e 7.

O nome excêntrico dos German Kaiser (Hyphessobrycon elachys) ou Tetras Kaiser revela peixes pequenos, assim como os anteriores Foguinhos, cardumeiros e ativos. O animal é sul-americano e amplamente encontrado na bacia do Rio Paraguai. Chegando a até 2 cm, o Kaiser é bastante sociável, por isso é preciso colocá-lo em grupos de, no mínimo, cinco indivíduos no aquário.

O habitat do peixe também deve ter muitas plantas aquáticas e precisa permanecer ácido, com pH de 6 a 7.

Tanictis (Tanichthys albonubes) é um peixe de águas ácidas originário da Ásia e típico de rios chineses. O animal é de fácil manutenção, costuma ter entre 3 e 4 cm e, quando em aquários, deve viver prioritariamente em cardumes. A faixa de temperatura dos Tanictis é amplamente flexível, variando entre 5ºC e 24ºC! Já quanto ao pH ideal, certifique-se de que está entre 5.5 e 7.

Rabora Naevus (Boraras naevus), também conhecido como Strawberry Rabora, é um belíssimo e exótico peixe natural da Tailândia. O animal tornou-se muito popular entre aquapaisagistas de todo o mundo devido ao seu alaranjado corpo repleto de manchas pretas. O Rabora é um peixe tropical e cardumeiro, podendo ser criado em aquários comunitários com até dez espécimes semelhantes. O pH indicado para ele encontra-se entre 6 e 7.

Outro marcante peixe de água ácida é o Mocinha (Characidium fasciatum), o qual é muito popular no controle biológico dos caramujos Physa, Melanoides (Trombetas) e Planorbis, devido à predação natural. O Mocinha costuma chamar muita atenção por causa do peculiar hábito de se apoiar sobre suas nadadeiras frontais no fundo do aquário, dando a impressão de rastejamento. No mais, o pH indicado para ele é ácido, entre 5.5 e 7.

Enfim, o Rodóstomo (Hemigrammus rhodostomus) é um peixe de água ácida natural da América do Sul e amplamente utilizado por aquaristas que criam peixes tropicais. Seu corpo é fusiforme e predominantemente prata com escamas iridescentes e refletoras, além de possuir nadadeiras levemente translúcidas.

Os Rodóstomos precisam de um aquário capaz de suportar, no mínimo, 100 litros. Além disso, a faixa de pH indicada para eles permanece entre 5.5 e 7.

Além de conhecer as principais espécies representantes de habitats ácidos, é preciso saber como modificar o pH do aquário. A faixa, que vai de 0 a 14, mede a concentração de íons de hidrogênio capazes de determinar a acidez da água. Entre 0 e 6.9 é ácido; entre 7.1 e 14 é básico. Descubra como controlar o pH do seu aquário!

Caso seu peixe seja de água ácida e o ambiente em que ele vive esteja demasiadamente ácido, pode ser que seja preciso aumentar seu pH para controlá-lo. Aquários com pH básico são aqueles em que a faixa se mantém entre 7.1 e 14. Para isso, uma alternativa é adicionar sais básicos, como bicarbonato de sódio: uma colher de chá para 20 litros de água pode ser suficiente para cumprir tal função.

Para diminuir o pH de um aquário, há algumas opções. Dentre elas, optar pela inserção de troncos no aquário faz com que a madeira seca libere substâncias, como ácidos orgânicos, que combatem o aumento natural do pH do ambiente. Outras matérias vegetais, como a turfa e a fibra de coco também cumprem a mesma função.

Outro método que possibilita acidificar o aquário é adicionando algum elemento ácido, como ácido acético (presente no vinagre) ou ácido cítrico (presente nas frutas cítricas). No entanto, é preciso ter cuidado ao optar por esse método, já que é preciso adquirir um tamponador de pH para controlar o índice e as variações de acidez.

Conhecer algumas das espécies de peixes que habitam águas de pH ácido é fundamental para aquaristas e quaisquer apreciadores de peixes. Considerando que a diminuição desse índice geralmente eleva a frequência respiratória dos peixes e que, por isso, eles costumam “abocanhar” ar atmosférico da superfície do aquário, é possível compreender que esses animais possuem muitas particularidades e fenótipos distintos.

Ademais, lembre-se de que é interessante comprar indicadores descartáveis de pH para controlar o índice do meio, além de pesquisar a ficha técnica do peixe que for habitar o aquário. Conhecendo o animal, é possível estabelecer as condições ambientais ideais e prezar pela boa qualidade de vida do seu peixe.