O que você não sabia sobre o ovo de tartaruga
Tartarugas são seres que lutam há muito tempo pela sua sobrevivência. Seja pela ação do homem ou por predadores naturais, as espécies existentes são observadas de perto por diversas ONGs e projetos, como o Projeto Tamar.
Os responsáveis por aumentar as chances de sobrevivência dos filhotes e ajudar a espécie, buscam criar ambientes protegidos para que os ovos eclodam e tudo corra bem. Entretanto, esse é apenas um passo na vida de quem pode chegar aos 100 anos de idade.
A interferência humana precisa ser cuidadosa para não complicar a relação da mãe com os filhotes. Isso é algo essencial para que os ovos tenham uma chance entre todos os obstáculos criados pelas cidades e interferências negativas à natureza.
Do nascimento até a fase adulta, as tartarugas precisam ser fortes e espertas para sobreviverem. Neste artigo, você conhecerá o que ainda não sabe sobre os ovos deste animal e todo o processo até que consigam ficar mais livres de ameaças. Boa leitura!
Ciclo reprodutivo: do ovo de tartaruga ao filhote
O ciclo reprodutivo da tartaruga começa muito antes do momento da escolha do local dos ovos e da desova. Depois do momento da reprodução e da chegada dos filhotes, o caminho apenas começou para as pequenas tartarugas. Confira abaixo mais informações sobre o ciclo reprodutivo e a missão depois do nascimento.
■Maturidade sexual
A maturidade sexual das tartarugas é atingida entre 20 e 30 anos de idade, com exceção da Tartaruga-oliva, que possui uma maturidade sexual muito nova, quando chega de 11 a 16 anos de idade. O mais interessante da maturidade sexual das fêmeas é que, após atingirem a idade, elas voltam para o local onde nasceram e fazem seu ninho e desova na praia. No mais, são muito fiéis ao local de nascimento.
Por isso existe a importância de manter esses locais de desova sempre livres de interferências humanas, para os ovos serem preservados e para que as fêmeas possam desovar em segurança.
■Temporadas de reprodução
Atualmente, cinco espécies marinhas desovam no Brasil. A Tartaruga-cabeçuda, Tartaruga-de-pente, Tartaruga-de-couro ou gigante, Tartaruga-verde e Tartaruga-oliva, que vem apresentando desova durante todo o ano, nas últimas temporadas.
O Projeto Tamar é o principal responsável por monitorar a reprodução das espécies e auxiliar no processo de desova e nascimento, para que ele ocorra da forma mais natural possível. Normalmente, as temporadas vão de agosto a março, e são monitoradas em todo o Brasil.
■Construção dos ninhos e postura
As fêmeas removem grande parte da areia com as nadadeiras anteriores, em um local de dois metros de diâmetro, formando a chamada "cama". Com as nadadeiras posteriores, cavam um buraco de cerca de meio metro de profundidade.
Os ovos são do tamanho de uma bolinha de tênis, e sua casca é calcária flexível, impedindo a quebra no momento da postura. A depender da espécie, a fêmea pode variar de 3 a 13 desovas na mesma temporada de reprodução, com intervalos entre 9 e 21 dias.
■Número de ovos e tempo para chocar
Cada ninho pode ter 120 ovos, em média. As Tartarugas-de-couro, também conhecidas como gigantes, desovam no Espírito Santo e fazem cerca de 120 ninhos por ano. Cada ninho dessa espécie pode ter de 60 a 100 ovos.
Outras espécies menores podem colocar de 150 a 200 ovos em cada ninho. Os números variam bastante entre espécies e fêmeas. A Tartaruga-verde, por exemplo, já foi vista com ninhos que tinham 10 ou 240 ovos. O período de incubação leva de 45 a 60 dias, resultando na quebra das cascas e nascimento dos filhotes.
■A missão dos filhotes de chegar à água
Após o período de incubação, de 45 a 60 dias, os filhotes começam a perfurar os ovos e saem da areia estimulados pela temperatura fria do lugar. Por isso, a caminhada das pequenas tartarugas começa à noite, o melhor horário para se manter fora do radar dos predadores.
Os filhotes são orientados pela luz do amanhecer e precisam chegar ao mar antes de o Sol clarear todo o lugar, tornando-os alvos de predadores. Além disso, é importante salientar que o calor do Sol que machuca os pequenos.
■Depois de chegar, é só o começo!
Estima-se que 75% dos filhotes de tartaruga sobrevivem até chegar ao mar. Entretanto, os filhotes possuem apenas 1% de chance de chegar à vida adulta. Por isso, as fêmeas colocam tantos ovos.
A jornada das pequenas tartarugas está apenas começando. No mar, existem inúmeros predadores, como peixes e tubarões, por exemplo. Dentro dessa estimativa, 1 em cada 1.000 ovos chegam à fase adulta, sem considerar o comércio ilegal, a caça e diversas outras barbaridades. Seu refúgio está nas zonas oceânicas abertas, onde as correntes oferecem comida e proteção para que os filhotes comecem sua estrada.
■Seus "anos perdidos" após nascer
Existe uma lacuna de tempo entre o nascimento e a caminhada até o alto-mar, até as tartarugas aparecerem novamente, em águas costeiras. Esse período, chamado de "anos perdidos", é algo totalmente às escuras para cientistas e biólogos que estudam seu ciclo de vida.
Quando chegam ao mar, os pequenos se alimentam de algas e de matéria orgânica flutuante. Esse ciclo se seguirá e passará pelos "anos perdidos" até alcançarem a maturidade e voltarem para a área costeira.
Curiosidades sobre o ovo de tartaruga
Agora que você sabe toda a aventura que é o ciclo de vida das tartarugas, desde a desova dos ovos até a chegada dos filhotes em alto-mar, chegou a hora de falar sobre algumas curiosidades das tartarugas, que possuem uma longa vida pela frente. Confira, a seguir, algumas questões que vão te aprofundar ainda mais na vida das tartarugas.
■Ovo de tartaruga é comestível
Ovos de tartaruga são comestíveis e considerados iguarias especiais em alguns países, entrando até na lista de afrodisíacos, em outros. Seu sabor é descrito como algo viscoso e menos apetitoso em comparação com outros tipos de ovos.
Hoje, seu consumo é bastante comum em países orientais. Alguns outros países também consumiam os ovos, inclusive o Brasil, mas o declínio da espécie e o risco de extinção colocou os ovos, a carne e o animal sob proteção, tornando-se ilegal o consumo.
■Tartarugas não cuidam dos seus ovos
As tartarugas fêmeas não possuem uma relação de proteção da cria além do cuidado com o ninho. Elas desovam os ovos e camuflam o lugar para evitar predadores e vão embora, deixando-os para trás.
Apenas em uma espécie, a Tartaruga-da-Amazônia, foi comprovado que os filhotes vocalizam um som de baixa-frequência desde os ovos até chegarem à praia, onde a mãe responde o chamado e os aguarda, segundo afirmam cientistas.
■As tartarugas viajam muito para pôr seus ovos
Sim, as fêmeas percorrem longos caminhos para encontrar o lugar para pôr seus ovos. Elas passam toda a vida migrando em alto-mar e, quando chega a hora, as fêmeas voltam para o lugar onde nasceram para nidificar —cavar o ninho e colocar os ovos. Apenas montam seu ninho nesse lugar.
Elas conseguem encontrar o caminho de volta, mesmo depois de viajar por tanto tempo, devido ao magnetismo terrestre. Usam essa ferramenta para se orientar e achar o caminho de casa.
■A temperatura determina o desenvolvimento
Os ovos de tartaruga são desovados ainda sem sexo definido. O que definirá o desenvolvimento e o sexo do filhote será a temperatura da areia que envolve os ovos.
Se, durante a incubação, o lugar tiver temperaturas altas (acima de 30 °C), então, produzirá mais fêmeas; caso sejam temperaturas baixas (abaixo de 29 °C), produzirá mais filhotes machos.
Tartarugas: sobreviventes da Natureza!
Depois de tudo o que foi visto até aqui, é impossível não pensar no quanto as tartarugas-marinhas são sobreviventes da natureza. Elas colocam centenas de ovos a cada temporada de reprodução, mas sua taxa de sobrevivência é extremamente baixa, com apenas 1% chegando à vida adulta, em média.
Sabe-se que a interferência e a maldade humana tem uma grande parcela de culpa na situação atual das espécies, onde algumas ainda continuam na lista de extinção. Além dos predadores naturais que encontram nos filhotes presas fáceis, já que os pequenos estão aprendendo a viver no mar.
Além disso, como falado anteriormente, existe um longo caminho do nascimento até a chegada no alto-mar e o refúgio dos pequenos. Graças a projetos como o Projeto Tamar, pode-se ter esperança do salvamento da espécie e da continuidade do seu ciclo de vida.
Sou técnica agrícola e também redatora freelancer, Ghostwriter, gerente de projetos e redatora em uma agência de publicidade há mais de 1 ano, o que me deixa sempre perto de criações, além de ter experiência em criação de artigos e legendas para social media.
Amo animais, se pudesse enchia a casa com todos!