O que são colêmbolos?
O colêmbolo é um animal fascinante que habita a terra há milhões de anos e é tão comum que provavelmente você já o encontrou na sua casa ou jardim. Sua presença pode ser um problema quando ele se reproduz descontroladamente, mas, no geral, esses insetos vivem ocultos no solo, entre folhas, madeiras e matéria orgânica.
Colêmbolos são artrópodes de seis patas parentes dos insetos, que existem por toda a extensão do globo, sendo encontrados inclusive em ambientes extremos, como a Antártida. Eles são considerados fósseis vivos, já que se tem registro deles que remontam o período Devônico, há 400 milhões de anos. Existem quase 8.000 espécies distintas de colêmbolos, todas elas pertencentes à ordem Callembola.
Caso você tenha se interessado nesses insetos peculiares e discretos, além de conhecê-los a fundo, neste artigo você saberá, inclusive, como controlar sua multiplicação caso ela esteja descontrolada no seu jardim. Para se inteirar do universo dos colêmbolos, acompanhe o texto e descubra, além de informações cruciais, diversas curiosidades a respeito deles! Vamos lá?
Características dos colêmbolos
Tecnicamente, os colêmbolo são pequenos artrópodes que vivem no solo em grandes grupos. Até agora, há descrição de aproximadamente 7.900 espécies deles em todo o mundo. Conheça a seguir suas principais características!
■Nome e origem
Os colêmbolos pertencem à ordem Callembola, de modo que o nome do grupo descreve algumas de suas principais características. "Colêmbolo" deriva das palavras gregas "kolla" e "embolon", que significam, respectivamente, cola e alavanca.
Essas palavras relacionam-se ao inseto à medida que descrevem os atos de saltar e de aderir ao substrato, característicos do colêmbolo. O animal produz uma secreção viscosa no seu abdômen que se parece com uma cola para agarrar-se a superfícies muito lisas. No mais, ele salta a grandes distâncias, pois possui uma fúrcula no abdômen, apêndice que funciona como uma espécie de catapulta, criando uma projeção de muitas vezes o seu tamanho em altura.
■Características visuais
Os colêmbolos adultos medem entre 0,25 e 8 milímetros, de modo que o corpo de algumas espécies possui forma globular, mas a maioria é fino. Suas cores variam do branco, passando pelo perolado e pelo marrom, até o negro.
Esses insetos são formados por três estruturas: uma cápsula para a cabeça com duas antenas de musculatura própria, movendo-se cada uma independentemente, um tórax com três segmentos para as 6 pernas, e um abdômen, onde está a fúrcula, que possibilita seu salto. O número de olhos varia entre 1 e 8, distribuídos nas laterais, apesar de haver espécies sem olhos. No mais, colêmbolos não possuem asas.
■Alimentação
Como existem muitas espécies de colêmbolos, também existe uma variada alimentação, dependendo da espécie. Mas, de modo geral, tudo o que é ou foi um ser vivo pode virar alimento para esse pequeno artrópode.
Isso, porque, além de uma grande variedade de matéria orgânica em decomposição, os colêmbolos também são predadores de fungos e bactérias, principalmente das suas “raízes” (micélios e hifas), e também de seus esporos. Além disso, alimentam-se do pólen das plantas.
É importante pontuar que, se o ambiente os favorecer quanto à umidade ou à matéria orgânica em decomposição, esses seres podem crescer rápida e descontroladamente em população.
■Distribuição e habitat
Os colêmbolos ocupam todos os continentes e estão no planeta há milhares de anos. Já foram encontrados até em lagos semicongelados no Ártico e na Antártida, e foram recentemente descobertas 4 novas espécies em grandes profundidades de terra na Caverna Voronya, na região do Cáucaso.
Eles ocupam o posto dos animais de 6 patas provavelmente mais numerosos da Terra. Sua maior exigência são lugares úmidos, já que são muito pouco resistentes à falta de água ou de matéria em decomposição. Já foi observado que eles também conseguem se associar com formigas e cupins, convivendo em simbiose e compartilhando formigueiros e cupinzeiros.
■Comportamento
Colêmbolos são capazes de estar em quase todos os ambientes, desde que ele seja úmido. Também foi demonstrado que apresentam comportamento migratório como reação a mudanças de qualidade no ambiente e também à poluição. Por isso, podem buscar espaços da nossa casa.
São animais que vivem em grandes grupos, sendo que, no ambiente da microfauna, são presas fáceis, e seu salto característico é uma estratégia de defesa e fuga. Quando são ameaçadas, algumas espécies liberam fluidos repelentes e comunicam sinais de alarme para o grupo.
■Reprodução e ciclo de vida
Os colêmbolo se reproduzem com muita rapidez e transformam-se de ovo a adulto em apenas algumas semanas. Os machos produzem um espermatóforo, nome dado à proteção de desidratação do espermatozoide, até o momento em que a fêmea o recolhe, formando um ovo.
Depois de fertilizados, os ovos são postos novamente no solo ou continuam no interior da fêmea, abrindo-se em aproximadamente 10 dias, pois o clima quente pode acelerar seu nascimento. Em 6 semanas, eles tornam-se adultos, e chegam a viver até 1 ano, seguindo um ritmo acelerado de reprodução.
Como eliminar os colêmbolos
Caso os colêmbolos estejam sendo um problema para o seu jardim, saiba que eliminá-los é uma tarefa que pode ser muito simples. Esses pequenos artrópodes, apesar de tornarem-se extrema e rapidamente numerosos, possuem exigências muito específicas para viver bem e se reproduzir, o que os torna frágeis frente a algumas mudanças. Acompanhe!
■Identifique ambientes favoráveis
É crucial observar quais ambientes da sua casa acumulam água e matéria orgânica. Outras coisas que você pode buscar são mofo ou fungos, já que os colêmbolos gostam de se alimentar deles. Indicativos de mofo são manchas escuras entre os azulejos, principalmente nos banheiros ou em lugares em que existam vazamentos de água.
Depois de identificar esses sinais, saiba que provavelmente os colêmbolos da sua residência procuram viver perto deles para se alimentarem e se reproduzirem. Portanto, limpar o mofo ou virar para baixo tigelas que possam estar acumulando água favorecendo, assim, a formação de matéria orgânica, são ações que contribuem para o extermínio dos colêmbolos.
■Melhore a ventilação no local
Assim que o ambiente estiver limpo e seco, o melhor é manter também uma ventilação abundante no local, para que, ao circular, o ar leve a umidade que pode chegar a se acumular. Logo, deixe abertas portas e janelas e evite que esse espaço fique fechado por muito tempo.
Caso o ambiente não possua janelas, fato que dificulta a circulação de ar, procure deixar um ventilador ligado pelo menos uma hora por dia no recinto. Assim, as correntes de ar serão facilitadas, evitando a proliferação de colêmbolos.
■Evite acúmulo de água
No mais, observe se o ambiente em está úmido. Colêmbolos precisam dessa umidade para seguir com suas colônias, então, evitar o acúmulo de água é perturbá-los com a escassez, a qual pode matá-los. Com essa atitude, se você conseguir manter o lugar seco, provavelmente eles migrarão em busca de um lugar melhor e molhado para viver, fora da sua casa.
■Troque o vaso das plantas
Apesar de não ser um problema para o cultivo de plantas em geral, se uma população de colêmbolos cresce demais, pode buscar partes mais tenras das plantas para comer. Além disso, é importante salientar que esses insetos carregam em seus corpos esporos de fungos e bactérias que podem gerar infecções na vegetação.
Por isso, se você percebeu que seus vasos estão com uma superpopulação, de colêmbolos é hora de transplantar a muda e trocar a terra. Essa terra pode ser muito útil em uma composteira ou onde haja predadores naturais, ao ar livre. Você pode mudar a frequência de regas também, para controlar a umidade.
■Bloqueie pontos de entrada
Você pode identificar de onde aparecem os colêmbolos e fechar essa entrada de alguma maneira, criando o hábito de tapar ralos de banheiro e cozinha, principalmente de lugares que ficam muito tempo sem uso, mas que seguem úmidos, como pias com goteiras ou outras entradas de água.
Quando notar o ambiente onde ocorre a infestação, verifique se não há uma torneira vazando ou um ralo com muito acúmulo de matéria orgânica. Você deve limpá-lo e mantê-lo fechado. Manter torneiras secas e sem pingar também pode ajudar.
■Use água e sabão
Com esses dois materiais muito simples, você pode combater uma infestação lavando a área. Higienizando um ambiente com água e sabão, é possível afogar e intoxicar esses insetos, fazendo com que eles morram.
Para isso, você precisará misturar cerca de 1 colher de sopa (15 ml) de detergente, para cada 2 copos (500 ml) de água. Essa é uma maneira eficaz para retirar os colêmbolos e deve ser utilizada em conjunto com as outras dicas anteriores, secando bem o local e mantendo-o o mais arejado possível, sempre.
Fatos curiosos sobre os colêmbolos
Você sabia que os colêmbolos formam um dos grupos de bichos mais numerosos do planeta? No mais, sabia que eles possuem uma capacidade incrível de sobrevivência em lugares extremos? Que eles são inofensivos para os humanos e muito benéficos para o solo? Desvende todas essas curiosidades e mais a seguir!
■Não picam e nem mordem
Apesar de serem eventualmente confundidos com pulgas, por se protegerem de qualquer distúrbio saltando alto, essa é a única característica que aproxima os colêmbolos delas, já que eles não picam.
Eles também não mordem, e preferem a tranquilidade de um solo rico em matéria orgânica, aparecendo em casas e ambientes urbanos, quando passam por algum estresse hídrico, ou seja, pela falta de água. Também não são hospedeiros de nenhuma doença conhecida, sendo animais inofensivos para o ser humano.
■São considerados pragas em alguns lugares
Colêmbolos são seres de extrema importância para a terra e indicam uma boa qualidade quando aparecem no solo, mas até nesses ambientes o aumento de indivíduos pode gerar problemas. Existem realmente algumas espécies, muito poucas, que se alimentam de plantas saudáveis. A parte boa é que, no solo, esses insetos são presas constantes de outros seres, e as populações tendem a controlar-se naturalmente.
Quando os colêmbolos entram em áreas domésticas e encontram um bom lugar para se reproduzir, e não possuem um predador ou algo no ambiente que os regule, causam alarme, pois possuem uma alta capacidade de multiplicação em ambientes estáveis.
■Possuem grande importância para o solo
Um tema importantíssimo em relação a esses seres é sua importância para os ecossistemas. Eles funcionam como grandes decompositores, ou seja, reciclam a matéria do planeta e a transformam outra vez em alimento primário para as plantas, consequentemente, gerando matéria viva para o planeta todo.
Seu número também o destaca como biomassa planetária e, por ser tão abundante, é um elo crucial na cadeia alimentar, sendo sustento para outros seres, como anfíbios, répteis, aves, peixes e outros artrópodes.
■Podem viver em grandes profundidades
Durante uma expedição em Abcásia, nas montanhas do Cáucaso ocidental próximo ao Mar Negro, cientistas encontraram vida. Eram colêmbolos e 4 novas espécies foram descritas, uma delas encontrada a 1.980 metros abaixo da superfície!
Krubera-Voronya é considerada a caverna de maior profundidade conhecida no mundo, hoje com 2.191 metros abaixo do nível do solo e a única com mais de 2 mil metros. E é nela que esses seres primitivos vivem e puderam desenvolver adaptações através de milhares de anos para fazer lar em um ambiente com poucos recursos de alimentação e absolutamente nada de luz.
Colêmbolos são insetos considerados fósseis vivos
A verdade é que esses animais, às vezes considerados como pragas por sua grande capacidade de reprodução, são também muito importantes e fascinantes. Os colêmbolos puderam se adaptar para viver na Terra e conseguiram estar há milênios aqui, muito antes dos humanos, reciclando a matéria morta do planeta e conquistando áreas inóspitas.
Conhecendo seu comportamento, qual ambiente favorece seu crescimento e mantendo os locais da sua casa limpos, secos e bem ventilados, podemos viver em paz com os colêmbolos! É possível manter nossa casa livre deles e até aproveitar seu potencial de degradação, criando composteiras! No mais, é inegável que colêmbolos são animais peculiares e essenciais para a fauna e para a flora do mundo.