Você conhece o Jacaré-do-Pantanal?
Os jacarés marcam presença no Pantanal. O dia mal começa e lá estão eles, na beira das lagoas ou nas margens dos rios, tomando sol. Entre eles, o Jacaré-do-Pantanal, também conhecido como Jacaré-piranha, em razão de suas enormes presas pontudas e afiadas, visíveis mesmo de boca fechada, é um animal extremamente ágil no ambiente aquático.
Entretanto, quando se encontra em terra, o grandalhão torna-se lento, com movimentos até mesmo desajeitados. Isso abafa um pouco de sua coragem, fazendo com que o réptil fuja a qualquer momento, ao se sentir ameaçado. Quer saber mais sobre esse interessante gigante do Pantanal? Então, leia este artigo e fique por dentro de todos os detalhes sobre esse jacaré!
Ficha técnica do Jacaré-do-Pantanal
Se você está interessado em saber mais sobre o Jacaré-do-Pantanal, neste tópico você conhecerá sua ficha técnica completa! Veja mais informações sobre o tão conhecido réptil pantaneiro a seguir.
■Origem e nome científico
O nome científico do Jacaré-do-Pantanal, também conhecido como Jacaré-do-Paraguai é Caiman yacare. Ele pertence à ordem Crocodylia, família Crocodilidae, subfamília Alligatoridae e ao gênero Caiman. O réptil, um dos maiores símbolos do Pantanal brasileiro, teve origem na América do Sul e pode ser encontrado em uma variedade de tipos de habitat.
Conforme citado anteriormente, ele também é conhecido por Jacaré-piranha. Além disso, nos países latinos Argentina, Paraguai e Bolívia, onde o animal também é encontrado, ele é chamado "Yacaré-negro".
■Características visuais
Esse gigante tão procurado por turistas que visitam o Pantanal pode atingir de 2,5 m a 3 m de comprimento, sendo as fêmeas mais robustas que os machos. Suas escamas são osteodérmicas bem desenvolvidas, ou seja, possuem depósitos ósseos em forma de escamas.
Quanto à coloração, o Jacaré-do-Pantanal apresenta o dorso particularmente escuro com faixas transversais amareladas, as quais são ainda mais abundantes na cauda. O réptil pantaneiro também possui um número total de dentes que varia entre 72 e 82, distribuídos na seguinte forma: 10 pré-maxilares, 28 a 30 maxilares e 34 a 42 mandibulares.
■Habitat natural e distribuição geográfica
O Jacaré-do-Pantanal é um animal de hábitos semiaquáticos que possui uma grande preferência por ambientes alagados, como pântanos, rios e lagos, geralmente áreas associadas à vegetação flutuante. O réptil se distribui geograficamente pelo Centro-Oeste do Brasil, especialmente no Pantanal, norte da Argentina, sul da Bolívia e rios do Paraguai.
■Reprodução
Ao atingir a maturidade sexual, o jacaré macho entra na água e começa a rodear a fêmea em círculos cada vez mais estreitos. Os dois iniciam uma emissão de ruídos, conservando seus rostos fora da água. O macho, então, curva o corpo para que sua cauda fique por baixo da fêmea, com o objetivo de encostar sua cloaca na dela.
O Jacaré-do-Pantanal é um animal ovíparo e as fêmeas botam de 25 a 40 ovos grandes, brancos, alongados, de casca dura e áspera. A posta geralmente ocorre durante o meio da estação chuvosa. Seus ninhos construídos próximos à água são feitos à base de terra e restos de vegetais, que são aquecidos pelo sol, o que possibilita sua fermentação, determinando um aumento de temperatura no interior do ninho, permitindo o desenvolvimento dos embriões.
A fêmea permanece a maior parte do tempo ao lado do ninho, até o momento da eclosão. O período de incubação pode levar até 80 dias.
■Expectativa de vida
Ao se deparar com esse grandalhão de aparência jurássica, que muitas pessoas julgam assustador, é provável surgir a dúvida de quantos anos um réptil desse nível pode atingir. Estudos apontam que esse animal pode atingir uma expectativa de vida de cerca de 50 anos.
Características do Jacaré-do-Pantanal
Já discutimos as características visuais do incrível Jacaré-do-Pantanal. Mas como é o seu comportamento? Do que ele se alimenta? Descubra a seguir a resposta para essas e outras perguntas acerca desse animal pantaneiro.
■Alimentação
Por mais de 200 milhões de anos, os jacarés se encontram no topo da cadeia alimentar e, com a evolução, sua estrutura corporal foi se adaptando para ele matar suas presas de forma rápida e eficiente. São répteis generalistas, pois consomem uma grande variedade de itens na natureza, dependendo da disponibilidade de alimentos no ambiente e da facilidade de captura das presas.
A dieta varia com a idade, habitat, estação e região geográfica. O Jacaré-do-Pantanal possui uma preferência alimentar por peixes, insetos, mamíferos e aves. Mas, também pode se alimentar de indivíduos menores dentro da própria espécie, caso haja invasão do seu território. Os filhotes consomem principalmente insetos e, após um determinado tamanho, começam a consumir mais crustáceos e moluscos, até que finalmente acabam se alimentando de vertebrados.
■Comportamentos
A situação comportamental do Jacaré-do-Pantanal geralmente varia de acordo com suas chances de sobrevivência ou questões reprodutivas. Porém, segundo estudos, também há uma distinção de comportamento resultante da diferença de genes.
Na natureza, exibe um hábito solitário, individualista e independente. Em grupo, o macho maior e mais forte é eleito o líder, caracterizado por um comportamento extremamente territorialista, não admitindo nenhuma invasão do seu espaço, podendo se enfurecer facilmente na presença de qualquer desafiante.
Quanto à captura de presas, tratando-se de uma vítima pequena, o jacaré simplesmente engole o animal inteiro. Quando o bicho capturado é maior, o réptil o segura pelas mandíbulas e o sacode bruscamente até que ele se despedace, levantando sua cabeça acima da água e lançando a presa até poder engoli-la. Quando o ataque acontece na água, uma espécie de válvula isola sua traqueia evitando, assim, que a água invada o pulmão.
■Importância ecológica
O Jacaré-do-Pantanal é muito importante para o controle ecológico, pois se alimenta de animais fracos, velhos ou doentes. Ele realiza uma seleção natural até mesmo em relação ao controle de piranhas nos rios, posto que, quando os jacarés somem, elas se multiplicam, tornando-se um perigo para outros peixes. O réptil também se alimenta de caramujos que podem transmitir doenças como a esquistossomose (barriga d’água).
■Impactos na região
Em razão de problemas, como a caça clandestina para o comércio ilegal de pele e carne do animal, o Jacaré-do-Pantanal quase foi extinto. Felizmente, a situação tem melhorado ao longo dos anos. A caça predatória, hoje, é praticamente inexistente, e a venda de pele do animal só pode ser realizada sob certificação que comprove se tratar de jacarés de criatórios.
A seca, que vem piorando desde o ano 2000, devido à redução de chuvas na região pantaneira, também dificulta a sobrevivência desses jacarés. Com a falta de água, os animais têm sua fecundidade afetada, o que dificulta a sobrevivência dos filhotes.
Curiosidades sobre o Jacaré-do-Pantanal
Agora que você já sabe as características e a importância do Jacaré-do-Pantanal, confira algumas curiosidades sobre esse réptil fã de áreas alagadas.
■Estado de conservação da espécie
Ainda existe um problema em relação aos pescadores que consomem ou oferecem a carne de jacaré para turistas. Para isso, eles mutilam o animal, arrancando-lhe o rabo e deixando-o para morrer. A seca também dificulta a sobrevivência do animal. Mesmo não correndo risco de extinção, tais situações representam um aspecto preocupante para a conservação da espécie.
■Existem cerca de 3 milhões de Jacarés-do-Pantanal
De acordo com levantamentos aéreos realizados por ecólogos e pesquisadores, existem aproximadamente 3 milhões de jacarés adultos em mais de 140 mil km² de área ocupada pelo Pantanal, o que indica que a população está estável e confirma não haver risco de extinção. Essa é apenas uma amostra do quanto o bioma Pantanal é fascinante!
Outra curiosidade sobre esses animais é que eles se deslocam na terra em grupos, principalmente em estações secas, de agosto a dezembro. Eles se movimentam em fila indiana, distantes uns dos outros com um espaçamento de até 5 m e não seguem uma hierarquia de tamanho na sua organização. O maior registro já observado dessa movimentação foi de um grupo com 50 indivíduos.
■Existem Jacarés-do-Pantanal albinos
Além do clássico Jacaré-do-Pantanal, há também uma variação albina da espécie. O albinismo ocorre quando há incapacidade de gerar a melanina, que possui como função a pigmentação, auxiliando na proteção contra a radiação ultravioleta do Sol.
O Jacaré-do-Pantanal albino raramente é encontrado em seu ambiente natural. Esse desencontro é motivado pelo fato de os filhotes tornarem-se presas fáceis, visto que perdem a capacidade de camuflagem entre trocos e folhas, como ocorre com jacarés de uma coloração tradicional.
O Jacaré-do-Pantanal não é um vilão da natureza!
Pode-se dizer que o Jacaré-do-Pantanal é, na verdade, um grande agente promotor do equilíbrio do ecossistema. Apesar de todos os problemas enfrentados, que causaram quase sua extinção, o réptil ainda auxilia no controle ecológico e até mesmo no combate a algumas doenças. Há quem diga serem até mesmo inofensivos à espécie humana. Só atacam caso se sintam ameaçados, mas, na maioria das vezes, diante de qualquer perturbação, é normal que o réptil corra para a água à procura de sossego.
Mesmo não estando fora da lista de animais em extinção, esse jacaré encontra-se ainda sob ameaças resultantes da modificação de seu habitat, através da ocupação urbana, desmatamento, poluição, atividades agropecuárias, industriais, usinas hidrelétricas e caça ilegal. Portanto, é necessária uma atenção voltada para a conservação da espécie, a fim de evitar problemas futuros.
Olá, sou Jessyca, muito prazer! Sou bióloga e amo escrever! Já faço isso há um bom tempo. Outra coisa que me deixa apaixonada é a companhia dos meus "filhos de pelo". São dois cachorros (Zorro e Sid Wilson) e dois gatos (Dastan e Ulisses), que me servem de inspiração muitas vezes, principalmente aqui no Guia Animal. Animais me encantam! Todos eles e suas peculiaridades. Convido você a descobrir sobre muitos deles comigo.