Curiosidades sobre a sucuri: físicas e comportamentais

A sucuri é mais conhecida do que parece. Na cultura pop ela é comumente chamada de "Anaconda", a qual possui uma série de filmes como figura principal. Neste artigo, vamos conhecer sobre a mais larga cobra do mundo, porém não a mais comprida.

É um animal que serviu de base para a criação de diversas lendas dos povos indígenas. Possui hábitos peculiares de reprodução, alimentação e de crescimento, sendo possível crescer a vida toda. Ao ler este artigo, ficará claro o porquê de a sucuri ser tão referenciada em obras de ficção. Um ser que leva consigo perigo e mistério.

Nesta seção falaremos sobre as características físicas da sucuri e os atributos que a transformam em uma máquina de estrangulamento. Outros traços serão abordados, como: seus dentes, se possui veneno, para que servem as covas na boca e qual o motivo de machos e fêmeas possuírem tamanhos tão diferentes.

A ideia mais comum acerca de uma sucuri é que se trata de uma cobra venenosa. Entretanto, isso não é verdade. As sucuris são verdadeiras gigantes da natureza, com seus corpos musculosos de 7 a 9 metros de comprimento. Logo, elas dispensam o uso de qualquer toxina.

As sucuris são cobras de emboscada, elas ficam espreitando a vítima esperando o momento ideal para atacar. Quando elas baixam a guarda, a sucuri usa do corpo para fazer um abraço estrangulante e sufocar a presa.

Outra ideia comum ao falarmos de cobras é a de que elas possuem apenas duas presas inoculadoras de veneno, algo que não é verdade para as sucuris. Semelhante aos tubarões, com diversas fileiras de dentes afiados, as sucuris possuem quatro linhas paralelas de dentes. Uma mordida bem feita e a presa estará fixada na boca.

Pelo fato de as sucuris não possuírem as duas presas proeminentes na boca, sua dentição é chamada de áglifa. O bote da sucuri acontece primeiro pela mordida, seguido pelo enrolar do corpo na vítima.

Considerando que as sucuris têm preferência por viver em áreas alagadas, elas não fazem uso extensivo de sua visão nem de sua audição. Logo, elas utilizam outra técnica para notar o ambiente em volta: as covas em suas bocas.

Uma vez que as sucuris não enxergam e nem escutam com precisão, elas seguem os rastros quimiossensoriais das criaturas em volta para detectar presas. Quando algum animal toca na água, ele emite um rastro e uma assinatura química. As sucuris detectam esse sinal por suas covas na boca e assim preparam o ataque.

As sucuris em ambiente natural, vivem em média de 10 anos. No entanto, em cativeiro, há registros afirmando que elas podem viver facilmente até 30 anos de idade. Algo que poderia explicar essa disparidade de tempo de vida, é a ação humana sobre os ambientes naturais da sucuri.

As alterações climáticas têm impactado as cobras no ambiente em que vivem, tais como: alterações de temperatura, escassez de água e diminuição de alimento, o que aumenta a competição de animais pela comida restante.

As sucuris são vivíparas, diferente da maioria das cobras. Ou seja, elas não colocam ovos, o filhote é gerado e nutrido dentro da mãe. Na espécie das sucuris os machos preferem as fêmeas grandes, pois as maiores podem portar mais filhotes em seus corpos.

O período médio de uma gestação de sucuri é de cerca de 6 meses, e podem gerar desde 14 até um máximo de 82 crias. Os filhotes nascem com cerca de 70 cm de comprimento.

Há uma lenda que diz que a sucuri pode crescer a vida toda, o que é verdade. Um conjunto de fatores colaboram para isso, tais como: as condições do clima, o sexo (as fêmeas são naturalmente maiores) e a disponibilidade de comida.

O clima tem ficado cada vez mais intenso, como consequência as cobras reduziram a velocidade de seu crescimento com o passar dos anos. Mas, levando em consideração que as sucuris vivem cerca de 10 anos em seu habitat natural, é muito raro encontrarmos um exemplar com mais de 9 m.

As diferenças percebidas entre machos e fêmeas de uma espécie é chamada de dimorfismo sexual. As sucuris possuem e é extremamente acentuado, resultado de suas preferências por acasalamento.

Os machos preferem acasalar com fêmeas grandes, pois estas podem armazenar mais filhotes em seus corpos. Portanto, há uma seleção por fêmeas de tamanho maior.

Por outro lado, machos muito grandes tem dificuldade de acasalar, pois são confundidos com fêmeas, o que acaba por favorecer machos menores, gerando uma enorme diferença de tamanho.

Neste tópico, serão mostrados alguns hábitos da sucuri e habilidades que ela possui. E, por falar em hábitos, há uma característica que sempre é representada enfaticamente: a possibilidade de comer humanos. Seria verdade mesmo? Veja isso e mais neste segmento.

As sucuris são predadoras plenamente adaptadas ao seu meio. Elas possuem olhos e narinas na parte superior de sua cabeça, assim conseguem observar o ambiente e ficar com o corpo submerso. Somado a camuflagem natural, as sucuris são predadoras espreitadoras completas.

A cereja no topo do bolo é a capacidade de prender a respiração por prolongados períodos de tempo, cerca de 10 minutos. As sucuris possuem a capacidade de redirecionar parte da sua circulação para órgãos mais essenciais, o que as concede mais tempo sem precisar respirar.

As sucuris, como as cobras, levam bastante tempo para digerir sua presa. Sendo um animal de emboscada, elas não são muito exigentes em seu cardápio. Além disso, elas tendem a se alimentar de membros de sua própria espécie.

Semelhante ao louva-deus, as fêmeas devoram alguns machos enquanto acasalam. Isso serve para que não falte comida e que os filhotes nasçam bem nutridos. Em contrapartida, o macho já teria doado a sua semente. Logo, é uma ação que vale a pena.

Como um animal que faz armadilhas, ela tende a se alimentar do que houver disponível. Tamanho não importa, ela pode se alimentar desde pequenos pássaros, até outros répteis, membros da própria espécie, anfíbios (muito comumente sapos), peixes e capivaras (seu prato favorito).

Embora as sucuris possuam quatro fileiras de dentes, elas não os utilizam para mastigar. Como boa parte das cobras, elas engolem sua presa inteira e aguardam seu sistema digestivo dissolver a comida. Logo, uma boa refeição, pode render energia por dias.

Muitas lendas, contos populares e obras da cultura pop sugerem que as sucuris devorariam humanos. Ao contrário do que muitos acreditam, isso não é bem verdade. Não tenha dúvidas, uma sucuri pode matar um humano, seu abraço gera força o suficiente para fraturar muitos ossos e sufocar um adulto.

Porém, não há registros oficiais de que uma sucuri tenha comido um humano. Animais tendem a não desviar muito de sua dieta, pois pode haver complicações digestivas, o que sugere que humanos estariam fora do cardápio.

A sucuri é classificada como um animal semiaquático, ou seja, embora possa se locomover na terra, seu local ideal é em pântanos. Na terra, sua velocidade é lenta para um predador, cerca de apenas 8km/h. Um adulto trotando pode ultrapassá-la.

Porém na água, ela atinge o dobro dessa velocidade, cerca de 16km/h. Considere que a sucuri vive em terrenos alagados, onde um adulto teria água até os joelhos. Nessas condições, o que pode parecer lento é, na realidade, bem rápido. A sucuri é uma predadora plenamente adaptada.

Aqui você confere curiosidades gerais sobre a sucuri: quantas espécies existem, se é a maior do mundo, o que está havendo com seu habitat natural e sua presença marcante na cultura pop.

Muitos não sabem, mas existem quatro espécies de sucuri. São ela: Eunectes Murinus (verdes), E. Notaeus (amarelas), E. Beniensis (sucuri boliviana) e E. Deschanauenseei (sucuri pintada).

A Sucuri amarela é muito comum no pantanal, porém pode ser vista em florestas e cavernas e pode chegar até 40 quilos. Já a Sucuri verde é a maior e mais conhecida habitando principalmente as regiões alagadas, onde ela encontra uma abundância de alimento.

E. Deschanauenseei é a menor das sucuris. Ela prefere ambientes florestais onde pode se alimentar de pequenos animais. Por fim, a E. Beniensis, chamada de Sucuri boliviana, se alimenta de pequenos animais e aves, sendo endêmica na região do Chaco na Bolívia.

A sucuri é a cobra que deu inspiração para a criação de lendas e da figura da anaconda. Logo, é comum imaginar que ela seria a maior cobra do mundo. Ela realmente carrega esse título, no entanto, não é a mais comprida.

A sucuri é considerada a maior cobra do mundo por ser mais espessa e corpulenta. Porém, em comprimento, há uma competidora que leva a medalha de ouro: a píton-reticulada. Esta cobra habita no sudeste asiático e chega facilmente aos sete e nove metros, porém é muito esguia e fina.

A sucuri tem sofrido uma queda em seus números devido a problemas de habitat. Com o crescimento dos processos de industrialização, a poluição de mananciais e rios o impacto está sendo grande na sobrevivência das sucuris.

O pior disso tudo é que não é preciso haver um impacto direto no ambiente delas. Qualquer mudança no entorno pode afetar animais e incentivar a invasão de territórios. Isso altera a disponibilidade de comida e introduz predadores equiparados que podem brigar entre si. Por consequência, tem havido uma migração de sucuris para a América do Norte.

Uma das lendas é a de um homem que se apaixonou por uma mulher serpente, ela o transforma em cobra e vai morar com ele no fundo as águas. Lá ele descobre diversos conhecimentos, retorna para a sua tribo e ensina a fórmula do chá ayahuasca.

Outra lenda é a de uma indígena que teria tido um filho de uma cobra grande. Ele era um menino bondoso, mas que sofria pela sua aparência monstruosa. Para ser uma pessoa comum, ele precisava que alguém jogasse leite na sua boca e ferisse sua cabeça. Apenas um soldado teve coragem de ajudar a quebrar a maldição.

A sucuri já inspirou diversos filmes sobre cobras grandes, mais precisamente "Anaconda" de 1997. Embora sejam obras de ficção, o tamanho do animal é muito exagerado. Existem alguns dados transmitidos corretamente, principalmente o habitat e sua habilidade de estrangular.

Um comentário interessante sobre o filme "Anaconda 2", é o fato da trama envolver cientistas que se aventuram na selva buscando uma planta que emite uma substância rejuvenescedora. Logo, a planta teria estimulado o crescimento constante. É uma intrigante união entre ficção e algumas bases científicas reais sobre a sucuri.

A sucuri é fruto de uma ambiente vasto, competitivo e misterioso como a Amazônia. É uma criatura única no mundo todo. Uma cobra com capacidades de estrangular animais que um humano comum não conseguiria nem sequer erguer. Mas, curiosamente, não devora seres humanos.

Sendo um predador de locais inundados, como pântanos e terrenos alagados, ela possui alguns traços muitos raros no reino animal, como o fato de utilizar as covas na boca para reconhecer os seres em volta (se são presas ou outras sucuris).

Não é a toa que a sucuri é um animal que possui diversas lendas no folclore indígena e diversas aparições nos cinemas, nos quadrinhos e nos desenhos animados. Tanta periculosidade inspira admiração, fascínio e temor.