Já viu um gato-do-mato?
O gato-do-mato é um felino selvagem que aparentemente é muito semelhante aos gatos domésticos. Você pode até pensar que os gatos selvagens pertencem à mesma espécie dos domésticos e, provavelmente, você nunca viu um gato-do-mato, né? Isso porque ele é um animal ameaçado de extinção, vítima da diminuição do seu habitat e da escassez de caça.
O animal é natural da América do Sul, podendo ser encontrado e diferentes tipos de habitat. Além de não existirem muitos espécimes do felino, é ainda mais difícil encontrá-lo, porque ele possui hábitos noturnos, permanecendo, na maioria das vezes, escondido durante o dia.
Está curioso para conhecer mais acerca desse felino? Neste artigo te contaremos tudo sobre o gato-do-mato, desde suas características até curiosidades sobre essa espécie pouco conhecida. Continue lendo!
Características gerais do gato-do-mato
O gato-do-mato é um animal que difere em muitos aspectos de outros felinos selvagens e dos gatos domésticos. Seu estilo de vida e suas características físicas colaboram para que ele dificilmente seja encontrado. Veja a seguir as características desse animal!
■Nome
O gato-do-mato tem esse nome pela semelhança com os gatos domésticos e por ser encontrado em lugares de mato alto. Porém, como é um animal encontrado em uma vasta extensão territorial, ele recebe diferentes nomes em diferentes lugares.
As variações de nome mais conhecidas são: chué, gato-lagartixeiro, gato-macambira, gato-maracajá, mumuninha e pintadinho. O seu nome científico é Leopardus tigrinus, de modo que ele pertence a um gênero de felinos conhecidos por serem os mais antigos das Américas.
■Características visuais
Com tamanho aproximado de um gato doméstico, o gato-do-mato é de cor malhada, de pelagem com um padrão uniforme de pequenas manchas pretas de tamanho e espaçamento quase iguais. Geralmente, o gato-do-mato possui predominância da cor ocre, um tom alaranjado, na parte de cima do corpo e cinza embaixo.
O que o distingui de outros felinos selvagens, além de seu pequeno tamanho, é a disposição de suas manchas, com rosetas incompletas e mais arredondadas. O padrão de coloração difere das onças, que possuem rosetas fechadas, e das jaguatiricas, que possuem rosetas alongadas. Ademais, esse felino possui uma cauda longa e fina, além ter pelos sempre "penteados" para trás. O peso do animal fica em torno de 2,4 kg.
■Distribuição e habitat
O gato-do-mato é encontrado em quase toda a América do Sul e em uma parte da América Central. Predominante em países, como Argentina, Bolívia, Brasil, Costa Rica, Chile e Paraguai, é um animal adaptado para diferentes biomas, desde a caatinga e bosques áridos do chaco, até os desertos salinos alpinos e os pampas gaúchos do Brasil.
É um animal que vive em planícies e em florestas mais fechadas, porém, quando necessário, consegue sobreviver em diferentes biomas. A sua adaptabilidade é o principal motivo da sobrevivência da espécie, que, infelizmente, cada vez mais perde território devido ao desmatamento.
■Comportamento
Esses felinos têm o comportamento majoritariamente noturno, posto que costumam sair para caçar à noite. Independentes e agressivos quando estão caçando, conseguem matar presas muito maiores que eles!
Mesmo sendo encontrado em diversos locais, o gato-do-mato é raro de ser visto devido ao seu estilo de vida e ao seu instinto de sobrevivência. Ele vive sozinho, esconde-se de manhã em árvores e caça à noite. Além disso, não frequenta áreas onde é comum a presença de grandes felinos, como jaguatirica e onça-pintada. Com isso, torna-se raro em grandes florestas, como a Amazônia, e é mais presente em biomas ameaçados (hotspots), como a Mata Atlântica.
■Alimentação
O gato-do-mato se alimenta principalmente de pequenos mamíferos, ocasionalmente conseguindo abater um animal de porte médio, como as pacas. Dependendo de onde se encontra, também pode se alimentar de aves e de répteis.
Ele não foge da característica de caça dos felinos, que é escolher a presa e se aproximar com cautela dela para, enfim, em uma explosão de ataque, consiga capturar sua refeição. Alimenta-se mais à noite, que é quando é mais ativo, sendo considerado um predador mortal com uma margem baixa de erros ao atacar a vítima.
■Reprodução do animal
São animais solitários que se encontram apenas para acasalar. Não existe uma época do ano mais propícia à reprodução, de modo que ela pode ocorrer em qualquer momento. Os machos são considerados mais agressivos que as fêmeas nos raros contatos entre dois exemplares da espécie, o que ajuda ainda mais o estilo de vida solitário do felino.
As fêmeas chegam à maturidade sexual após os 2 anos, enquanto os machos atingem-na após 18 meses. A gestação do gato-do-mato dura cerca de 75 dias, com uma normalidade de um filhote por gestação, porém, o animal pode chegar a ter até 3 de uma vez.
Algumas espécies de gato-do-mato
Existem diferentes espécies de gatos-do-mato, com características específicas cada uma. Como o animal é encontrado em diferentes biomas, é normal que haja mais de uma espécie para se adequar a cada lugar. Listaremos, a seguir, as mais conhecidas que possuem muitas peculiaridades que as distinguem dos outros tipos de gato-do-mato. Veja abaixo.
■Gato-do-mato-grande
O gato-do-mato-grande (Leopardus geoffroyi) é uma espécie um pouco diferente de gato-do-mato. Podemos dizer que são como primos, parecidos em muitos aspectos. Estes felinos são maiores e com manchas escuras pelo corpo (ao contrário das rosetas do gato-do-mato) e com a pelagem de fundo em tons de amarelo-castanho.
Sua cabeça também é diferente, maior e levemente mais achatada, com listras pretas pelo rosto. Vivem em biomas mais espaçados no sul da América Latina e, ao contrário do seu primo, não corre riscos de extinção.
■Gato-do-mato-pequeno
Esse é um dos nomes que o gato-do-mato comum é chamado. A espécie Leopardus tigrinus é o menor felino originário do Brasil, do tamanho de um gato doméstico, com um corpo comprido, magro e uma longa cauda. O gato-do-mato-pequeno vive em florestas com bastante árvores, das quais ele é um excelente escalador.
Suas orelhas grandes e seu longo rabo são as principais características que os distinguem dos gatos domésticos, além de seus dentes maiores e sua tão marcante pelagem malhada. São muito comuns na Mata Atlântica e nos pampas gaúchos.
■Gato-maracajá
O gato-maracajá (Leopardus wiedii) difere do gato-do-mato comum nas suas cores. Seus pelos são de um amarelo mais claro, com manchas escuras e fechadas pelo corpo. Esse felino tem uma calda mais longa e patas maiores, além dos seus grandes olhos que possibilitam uma excelente visão noturna.
É a espécie mais rara, uma vez que vive em ambientes (como a floresta Amazônica) que existem outros felinos, maiores e mais fortes que ele lutando por territórios. Outro fator que dificulta sua localização é sua agilidade e percepção do que acontece em volta, o tornando muito difícil de ser visto.
■Gato-dos-pampas
Talvez esse seja o “primo” do gato-do-mato mais diferente. O gato-dos-pampas (Leopardus pajeros), também conhecido como gato-palheiro, possui uma pelagem longa que varia do marrom-ferrugem ao cinza-alaranjado. Possui um olhar mais acirrado e orelhas pontudas, lembrando vagamente o rosto do puma.
É de pequeno porte assim como os gatos domésticos, com hábitos noturnos e solitários. Como o nome já diz, ele vive em áreas de pampas e outras localidades campestres da América do Sul. Ele também está ameaçado de extinção devido à perda de habitat e à reprodução lenta, se tornando cada vez mais raro de ser visto.
■Gato-chileno
O gato-chileno (Leopardus guigna) também é uma espécie de gato-do-mato muito parecido com os domésticos devido ao seu tamanho. Ele ainda consegue ser menor! O gato-chileno é o menor felino das Américas, pesando menos de 3 kg. Apresenta um pelo comprido e denso, dando a aparência de fofo, juntamente do seu rosto pequeno de olhos grandes. Sua pelagem com pintas varia em tonalidade prateada e castanho-amarelada.
Vive nas florestas tropicais do Chile e, assim como os outros gatos-do-mato, vive sozinho com hábitos noturnos. É mais um da lista dos que correm risco de extinção, graças a seu tamanho pouco ameaçador para felinos grandes e à perda de território constante.
■Gato-andino
O gato-andino (Leopardus jacobita) é uma espécie que só é encontrada em áreas remotas, como as regiões áridas do Peru e nos Andes. São quase impossíveis de se achar espécimes dele graças a sua baixa população vivente em lugares tão vastos.
Do tamanho de um gato doméstico, os gatos-andinos têm pelos cinza claros, médios e espessos, com listras marrons-enferrujadas pelo corpo. Pouco se sabe sobre seus hábitos de caça e reprodução, é conhecido apenas que ele é propenso de viver sozinho nas montanhas. Seu corpo é adaptado para terrenos montanhosos, com um equilíbrio impressionante mesmo para os felinos.
Curiosidades sobre o gato-do-mato
Por ser um animal pouco conhecido e pouco comentado, é normal as pessoas não saberem muito sobre os gatos-do-mato. Mas, fique tranquilo, te mostraremos as principais curiosidades sobre esse felino peculiar! Continue lendo para saber mais!
■Gato-do-mato não é perigoso
Os gatos-do-mato são animais solitários e pouco sociáveis, seja com outros animais ou com humanos. Essa característica faz com que eles não sejam perigosos, já que não chegarão perto de humanos por vontade própria. Eles se alimentam de pequenos mamíferos e são animais de porte pequeno, por isso, ainda que estejam com fome, não se aproximam das pessoas. É importante saber que isso só se configura se você não se sentir ameaçado!
Mesmo com a aparência fofa, o gato-do-mato é um animal selvagem e qualquer aproximação dele pode ser uma ameaça! Para se defender, ele pode se tornar perigoso, portanto, o melhor é não se aproximar de um na natureza.
■Não são gatos domesticados
Mesmo com sua incrível semelhança com os gatos que temos em casa, o gato-do-mato não é um animal domesticado! Seus instintos são selvagens e, de acordo com seu estilo de vida, ele precisa estar na natureza para sobreviver e se desenvolver. Portanto, tentar domesticar um gato-do-mato só trará problemas tanto para a pessoa, quanto para o animal, além de ser considerado crime ambiental.
■Alguns nascem totalmente negros
Apesar de ser extremamente raro, existe a possibilidade de o gato-do-mato nascer melânico, ou seja, totalmente negro. Essa mutação genética aumenta a quantidade de melanina no corpo do animal, uma das proteínas responsáveis pela pigmentação da pele e dos pelos, podendo gerar diferenças biológicas em comparação a outros gatos-do-mato. Há registros de gatos-do-mato negros no Brasil, onde é feito um estudo sobre o animal e seus hábitos.
■Estado de conservação e ameaças
O gato-do-mato está em listas de animais ameaçados de extinção por toda a América do Sul. Algumas espécies desse animal mostradas nesse artigo correm mais riscos que outras devido a fatores mais específicos.
O que é consenso entre todos é que as principais causas são o desmatamento, a escassez de alimentos e a caça sofrida por esses animais ao longo das décadas, quando sua pele era comercializada. Sua vida solitária também contribui para a baixa reprodução, precisando da intervenção humana para a conservação da espécie, realizando acasalamentos em cativeiro.
O gato-do-mato é ótimo em se adaptar!
Durante este artigo, você viu as variações do gato-do-mato e os mais diferentes lugares que ele se encontra, né? Isso, porque ele é ótimo para se adaptar em ambientes distintos. É um animal inteligente e com capacidades físicas que permitem com que ele escale arvores, suba em terrenos montanhosos e até nade bem.
Os diversos tipos de gato-do-mato nos mais diferentes biomas passaram por evoluções ao longo de sua existência, as quais geraram pequenas mutações adaptativas que os diferem, como, por exemplo, as variações de pelagens.
No mais, esse animal solitário, tão parecido com nossos gatos domésticos, ainda guarda muitos segredos. Apenas com a conservação da espécie e da natureza será possível, algum dia, desvendar tudo sobre os especiais gatos-do-mato!
Escritor e redator, apaixonado por animais, pela leitura e por contar histórias. Sou estudante de jornalismo na UFF, onde aprimoro minha prática e alimento minhas paixões profissionais. Escrevo por aqui como troca de conhecimento, inspirado no amor pela minha gatinha Gina.