Tudo sobre a Rã flecha azul: alimentação, curiosidades e mais

A Rã flecha azul (Dendrobates tinctorius azureus) é um animal que chama a atenção dos curiosos pela sua aparência. Com um tamanho menor que 10 cm e cores bem vibrantes, essa rãzinha se encontra na lista de animais mais venenosos do mundo. Encontrado na região amazônica, esse anfíbio apreciador de insetos atua como peça fundamental na cadeia alimentar, promovendo o equilíbrio ambiental.

Também é um animal bioindicador que pode ser utilizado para avaliar os impactos sofridos no ambiente. Confira a seguir mais informações sobre a rãzinha venenosa: Suas características, comportamento, alimentação, curiosidades e muitos mais!

Você sabia que essa rãzinha minúscula que cabe tranquilamente na palma da mão pode matar milhares de pessoas com uma pequena dose de veneno? Porém, ela não deve ser interpretada como uma vilã e sim como um animal fascinante repleto de curiosidades. Conheça mais sobre a Rã flecha azul a seguir:

Medindo no máximo 6 cm e com um peso de apenas 5 g, a Rã flecha azul é um animal diurno, com uma expectativa de vida de aproximadamente 6 anos. Ademais, é comum que as fêmeas sejam maiores e um pouco mais robustas do que os machos, os quais possuem as pontas dos dedos mais grossas. Além disso, as Rãs de flecha azul costumam iniciar o canto somente ao atingirem a idade adulta.

Essa pequena rãzinha venenosa pode ser encontrada nas Guianas, no Suriname e no norte do Brasil (onde foi descoberta em 1969), estando distribuída em grande parte da Amazônia brasileira. São animais que preferem viver sob rochas e musgos próximos a riachos, mas também é comum encontrá-las em árvores. Além disso, no geral, a Rã flecha azul possui grande preferência por áreas de florestas úmidas e quentes cercadas por savana seca.

A Rã flecha azul é um animal de dieta insetívora, ou seja, predominantemente à base de insetos. No cardápio desse anfíbio estão inclusos pernilongos, cupins, moscas, formigas e besouros. Esses animais também comem aracnídeos, como ácaros e aranhas, e outros bichinhos, por exemplo, vermes e lagartas.

Enquanto isso, em cativeiro, sua alimentação é feita basicamente de grilos e moscas-das-frutas. Um fato interessante diz respeito à sua toxicidade: a alimentação da Rã flecha azul influencia diretamente na produção do potente veneno.

A reprodução geralmente acontece durante a temporada de chuvas. Os machos atraem as fêmeas, que respondem ao chamado, o que resulta em uma competição agressiva até que haja apenas uma vencedora. A fêmea vitoriosa inicia o ritual de namoro cutucando e acariciando o macho com suas patas dianteiras. O acasalamento, então, geralmente ocorre em um local isolado, próximo a uma fonte de água.

Uma Rã flecha azul fêmea pode botar uma ninhada de dois a seis ovos, que são mantidos úmidos até eclodirem cerca de 14 a 18 dias depois. Então, os girinos são carregados para um pequeno reservatório de água para se desenvolver. Eles amadurecem e se tornam adultos cerca de 10 a 12 semanas depois.

Desde o seu corpo estampado em cores vivas até a misteriosa pele que esconde sua toxidade, a Rã flecha azul apresenta uma série de características intrigantes, como o fato de cada indivíduo possuir um padrão único de manchas, semelhante ao que ocorre com as impressões digitais individuais dos humanos. Veja mais:

Uma pequena dose de veneno da Rã flecha azul pode matar aproximadamente 1500 pessoas, porém a potente batracotoxina localizada na pele do animal não é sintetizada pelo seu próprio organismo. Isso ocorre em razão da alimentação baseada principalmente em formigas venenosas e insetos responsáveis pela neurotoxina. Em cativeiro, há uma redução na toxidade desse anfíbio, uma vez que sua dieta passa a ser diferente.

A Rã flecha azul possui cores lindas e vibrantes que podem variar entre padrões de azul com manchas pretas de diferentes tamanhos ou dorso amarelo e patas azuis, variando em tons claros e até mesmo próximo ao roxo escuro. Os evidentes padrões cromáticos ajudam para que os predadores mantenham distância, mostrando o quanto essa rãzinha pode ser venenosa.

A Rã flecha azul é um animal que desperta curiosidades até mesmo com relação a origem do seu nome. Além das cores intensas, outro fator influenciou na denominação dessa rã. A tradição de culturas indígenas, como o povo Chocó da Colômbia, usavam o veneno desses anfíbios na ponta de suas flechas antes da caça. Com essa junção de informações a expressão "Rã flecha azul" se tornou mais do que adequada para esse pequeno anfíbio.

Essa pequena venenosa é dotada de excelentes sentidos de visão e olfato que facilitam muito a captura de suas presas. Ademais, ela possui uma fantástica forma de se comunicar quando há invasão de algum intruso. Nesse caso, a Rã flecha azul utiliza uma série de chamadas como alerta e, durante o período de acasalamento, os machos usam chamadas suaves para atrair as fêmeas.

No entanto, no geral, as Rãs flecha azul são anfíbios solitários, exceto quando ocorrem disputas territoriais, o que envolve luta entre os indivíduos em um conjunto de comportamentos agressivos que incluem agarramentos abdominais e zumbidos esporádicos.

A Rã flecha azul ainda não se encontrana lista de espécies ameaçadas de extinção, mas em razão da sua beleza, é um dos animais vítimas do tráfico de animais. Existem ainda problemas como a destruição do seu habitat e existência de um fungo mortal conhecido como 'Chytrid', responsável pelo extermínio de populações de anfíbios em todo o mundo.

A família Dendrobatidae possui um grande número de membros sendo que, atualmente, são conhecidas mais de 180 espécies de dendrobatídeos. Todas elas compartilham a particularidade de produzir toxinas potentes localizadas na pele e têm grande capacidade de adaptação geográfica. Nesse grupo, além da Rã flecha azul, se destacam outros tipos de rãs flechas. Conheça alguns:

As Rãs flecha dourada (Phyllobates terribilis) são consideradas as mais venenosas da família Dendrobatidae e são, assim como as Rãs flecha azuis, extremamente letais. O veneno produzido por elas é a homobatracotoxina, um composto químico mortal capaz de causar falência múltipla de órgãos.

As Phyllobates terribilis são endêmicas da costa do Pacífico da Colômbia e possuem o mesmo veneno encontrado nas penas do pássaro Pitohui, da Nova Guiné.

A Rã flecha vermelha e azul (Oophaga pumilio) também representa a família das Rãs flecha azul e é bastante tóxica. O veneno dessa colorida rã é devido à substância batracotoxina, oriunda do consumo e da digestão de formigas.

Esse anfíbio pode ser encontrado em florestas baixas e úmidas da América Central, mais especificamente no centro-leste da Nicarágua, na Costa Rica e no noroeste do Panamá.

Outro grande representante da família Dendrobatidae é a belíssima, brilhante e colorida Rã flecha verde e preta (Dendrobates auratus). Ela pode ser encontrada nas encostas do Pacífico, da Costa Rica à Colômbia, e em outros países da América Central, como Caribe, Panamá e Nicarágua. Ademais, assim como a Rã flecha azul, a Dendrobates auratus é extremamente venenosa e letal.

Vimos aqui que, apesar de serem pequenas venenosas, as Rãs flecha azul são muito importantes por sua característica bioindicadora, conforme abordamos. Além disso, há comunidades de pesquisa médica que têm realizado estudos experimentais sobre o uso medicinal do veneno de algumas dessas espécies de rãs venenosas.

Portanto, a Rã flecha azul não deve ser tratada com uma vilã da natureza, mas sim como um animal incrível e de grande importância para o meio ambiente. Ademais, agora você já sabe tudo sobre essa exótica e perigosa espécie, desde traços físicos a comportamentais. A fauna e a flora não são incríveis?