A anta é um animal muito importante, mas ameaçado!
A anta é um mamífero nativo da América do Sul que está sendo colocado na lista dos animais em perigo de extinção. Ela está presente em toda a região da América do Sul, onde várias subespécies podem ser identificadas, de acordo com a região em que são encontradas.
Descubra, durante a leitura desse artigo, quais são as áreas de ocorrência da anta, principalmente sua distribuição em território brasileiro. Saiba tudo sobre os motivos que estão levando a anta para a extinção, além de descobrir qual é a sua importância na natureza, suas características naturais, curiosidades e muito mais. Boa leitura!
Características da anta
Descubra aqui o que mais caracteriza a anta. Veja como ela é chamada, qual é a origem do seu nome e o que significa. Saiba como são suas características visuais, além de conhecer seus hábitos, habitat e muitas outras informações.
■Nome
O nome científico da anta brasileira é Tapirus terrestris. A palavra tapir é relativa a uma expressão indígena itapiré, que significa couro muito duro ou duro como pedra. Isto é, piré significa couro e ita significa pedra. Como vimos, o nome da anta se refere à sua pele muito dura.
Como o animal tem essa característica, algumas culturas indígenas, como as tribos dos maias, por exemplo, o consideravam um animal sagrado.
■Características visuais
As fêmeas dessa espécie possuem um tamanho maior que os macho, medindo 1 m de altura e 2 m de comprimento, chegando a pesar de 180 a 300 kg. As antas possuem dentes forte e uma tromba pequena, móvel muito sensível ao toque, que auxilia o animal durante a alimentação.
O couro da anta é duro e resistente, por isso, protege seu corpo de vegetações mais espinhosas. Seu crânio possui uma crista proeminente que estende dos olhos até o alto do pescoço. As antas brasileiras possuem uma coloração marrom-escuro avermelhada quando adultas. Já os filhotes, possuem a mesma coloração, mas com a presença de listras brancas na horizontal no corpo.
■Distribuição e habitat
Sua área de ocorrência abrange regiões desde a Venezuela até a Argentina. Em terras brasileiras, a anta existe em quase todo o território nacional, principalmente nas regiões do Pantanal, Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Gostam de viver em áreas de vegetação densa, onde existe água em abundância, ou seja, próximos de rios e lagos.
Florestas de montanhas tropicais são suas regiões prediletas, mas você também vai encontrá-las em regiões de pântanos e florestas de planícies. Em áreas de montanha, as antas podem ser encontradas em altitudes de até 4.500 m em relação ao nível do mar.
■Hábitos
São animais solitários de hábitos noturnos. As antas usam o dia para seu descanso, de preferência, livre de onças, que são seu maior predador. São animais que nadam muito bem, tendo a capacidade de atravessar rios grandes e largos sem nenhum problema. Também gostam de rolar na lama, com o intuito de se livrar de moscas e carrapatos.
Quando se irritam, mostram os lábios, como fazem os equinos. Já para demarcar o seu território, a anta usa urina e fezes, além de emitir alguns sons diferentes para se interagirem socialmente.
■Alimentação da anta
As antas são animais tipicamente herbívoros. As frutas são itens preferenciais em sua dieta, assim como uma grande variedade de plantas, flores, folhas, galhos e cascas de árvores. Toda essa alimentação é encontrada em abundância nas florestas onde são seu habitat.
Para encontrar os alimentos, as antas usam seu olfato apurado e a tromba para tocar o alimento antes de degustá-lo. Sua digestão é mais rápida que a dos demais ruminantes, mas a capacidade de absorver os carboidratos dos alimentos não é tão eficiente.
■Reprodução da anta
O acasalamento das antas pode ser monogâmico ou, na maioria das vezes, poligâmico. As antas não possuem um período sazonal específico para a reprodução. A cada 50 a 80 dias, a fêmea entra no cio. Nesse momento o macho tem dois dias para efetivar o coito. Em cativeiro os filhotes nascem a cada 15 meses.
O ritual de acasalamento é iniciado pelo macho que cheira e lambe a vulva da fêmea, com o objetivo de se aproximar para iniciar a montada. No início a fêmea corre e evita a ação do macho. Após o casal entrar em acordo, o coito pode ser realizado, tanto fora, como dentro da água. A gestação desse animal dura de 335 a 439 dias, parindo apenas um filhote por gestação.
Subespécies existentes de anta
Veja aqui algumas das subespécies de anta que existem na América do Sul. Veja o que realmente faz uma diferente da outra, suas áreas de ocorrência, além de descobrir quais as subespécies estão mais ameaçadas de extinção.
■Tapirus terrestris aenigmaticus
Essa subespécie é um mamífero denominado como tapir sul-americano, tapir amazônico ou tapir das terras baixas. Ela está concentrada na região central da América do Sul. As antas dessa espécie ocorrem mais pontualmente da região da Amazônia Ocidental, desde a vertente oriental na Cordilheira dos Andes a sudeste da Colômbia, passando pelo Equador até a região do noroeste do Peru.
Seus hábitos e comportamento são os mesmos que já vimos até agora. Na verdade, o que diferencia uma espécie da outra é sua área de ocorrência.
■Tapirus terrestris colombianus
Endêmica em várias regiões da Colômbia, essa subespécie é uma da mais prejudicadas pela expansão da fronteira agrícola, além da caça predatória. É considerado extinto em muitas localidades do país. Antes de ser vítima desses problemas, podíamos dizer que a anta colombiana era nativa em toda a região.
Para a propagação dessa espécie, o maior problema é a atividade antrópica, que há mais de 19 anos vem destruindo o habitat natural das antas. Foram relatados alguns reaparecimentos dessa anta em áreas onde eram consideradas extintas, mas o número de indivíduos é insignificante para tal informação.
■Tapirus terrestris terrestris
Essa é a subespécie de anta mais comum e é encontrada em vários países da América do Sul. Sua ocorrência abrange as regiões do Brasil, Guiana Francesa, Suriname e a província de Misiones, na Argentina. Esse animal possui a coloração mais comum, que é o marrom escuro avermelhado quando adultos.
Os filhotes nascem com a mesma cor, porém até o sétimo mês de vida, eles apresentam listras brancas horizontais que vão da cabeça até a cauda. Seu habitat é o mesmo que as demais espécies, florestas densas próximas a regiões de água abundante.
■Tapirus terrestris spegazzinii
Essa subespécie de anta vive mais ao sul da América do Sul. Sua ocorrência abrange o sul do Brasil, parte do Mato Grosso, Argentina e Paraguai. Alguns indivíduos fogem à regra, sendo encontrados a leste da Bolívia.
São animais de couro muito duro, que são eficazes na proteção contra os seus predadores felinos, as onças. Por isso, é muito comum vermos o couro das antas marcados com as garras delas. Além disso, elas usam sua tromba para auxiliar na sua alimentação e seu olfato, muito apurado, faz com que a anta fique sempre farejando o ar que a rodeia.
Fatores que tornam a anta ameaçada de extinção
Confira quais as ações humanas contribuem para a extinção da anta. Veja como o desmatamento pode provocar a destruição de seu habitat, além de outros problemas como o uso das queimadas e a caça predatória.
■Desmatamento
O desmatamento desenfreado, feito para dar lugar a mais campos de plantio, devido à expansão da fronteira agrícola, é um dos principais perigos para a sobrevivência das antas. Devido a ocorrência de pastos e a implementação de gado no habitat natural das antas, as zoonoses se tornaram outro problema para esse animal, principalmente a febre aftosa.
A invasão humana e o aumento de sua densidade, são mais fortes nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. O desmatamento é o grande vilão, no que se refere à extinção desses animais.
■Queimadas
Devido às queimadas, a anta está praticamente extinta na região da Mata Atlântica. Existem apenas alguns grupos de indivíduos, habitando o Pantanal e a Amazônia. Nesses locais o incêndio provocado por humanos, com o intuito de destruir seu habitat para proliferação de áreas de pasto é o fenômeno responsável pelo desaparecimento da espécie nessas regiões.
Queimadas são uma maneira de destruir a natureza de uma forma mais rápida, mas ao mesmo tempo muito cruel com a vida animal, pois muitos não conseguem escapar do fogo, além de terem sua moradia devastada.
■A caça também ameaça este animal
Como em vários animais em extinção, uma das principais causas é a caça predatória. No caso da anta, o problema se torna maior, tendo em vista que sua reprodução é mais lenta. A cada ciclo reprodutivo a anta só produz um filhote, diferente de outros animais que dão à luz a uma ninhada.
Essa espécie está correndo o risco de desaparecer totalmente, se considerarmos algumas áreas já catalogadas. Se pegarmos a região como um todo e dividirmos em pequenas áreas, muitas dessas demarcações já não terão a anta como seu animal nativo por causa da caça.
Esforços para a conservação da anta
Enquanto existem seres humanos que só pensam em destruição, alguns indivíduos e órgãos se preocupam com a sobrevivência de espécies como as antas. Veja aqui quais os programas existem no Brasil para salvar esses animais.
■Programa Anta Mata Atlântica
O programa Anta Mata Atlântica teve como foco principal a obtenção de dados e informações básicas sobre a população de antas na região do Pontal do Paranapanema. Entre 1996 e 2007, esse foi o foco do programa em questão.
Dentre os dados estudados estavam o monitoramento de indivíduos através de equipamentos de rádio-telemetria, área de atuação do animal, períodos e áreas de reprodução, além de uso de área para adquirir alimentos, habitat e muito mais.
Com o resultado dessa coleta de dados, foram traçados atividades e padrões de movimentação pela paisagem, gerando informações sobre a genética e epidemiologia do animal.
■Campanha de crowdfunding da INCAB
A Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB) planeja expedições, com o objetivo de percorrer áreas extensas, que são ameadas pelo desmatamento, queimadas, dentre outras, onde antes eram o lar das antas brasileiras. Por ser uma organização não governamental, a instituição não possui recursos próprio.
A INCAB utiliza de campanhas para arrecadar dinheiro para realizar atividades de pesquisa. Um dos pontos a ser explorado é o financiamento coletivo, onde o suporte da sociedade civil é o foco principal para a arrecadação dos subsídios para a realizar a expedição. Dessa vez a exploração passará por três estados brasileiros, Rondônia, Mato Grosso e Pará.
■Iniciativa Brasileira de Conservação da anta brasileira
Patrícia Médici é uma amante das antas brasileiras. Sua paixão deu origem ao INCAB, um programa inteiramente voltado para o estudo desse mamífero tão importante e querido da nossa fauna.
A região onde foi iniciado o processo de estudo da anta foi a Mata Atlântica, onde durante o período de 11 anos foram colhidos dados importantes sobre a vida das antas brasileiras. O projeto foi expandido para regiões do Pantanal e Cerrado. O próximo foco de Patrícia Médici e sua iniciativa de estudos, é a região da Amazônia.
5 curiosidades sobre a anta
Descubra algumas curiosidades sobre esse grande mamífero brasileiro. Saiba qual é a importância da anta para a natureza, além de entender como elas se comunicam entre si, quais são seus parentes mais próximos e muito mais.
■Importância da anta na natureza
Como as antas são animais herbívoros, a sua alimentação é focada, principalmente, na ingestão de frutas silvestres. Devido à sua digestão rápida, as sementes das frutas não são diluídas pelo sistema digestivo e saem praticamente intactas em suas fezes. Sendo assim, essas sementes têm a capacidade de germinar mais rápido.
Devido à essa característica, a anta é considerada a jardineira da natureza, por fazer proliferar as espécies de plantas que fazem parte de sua alimentação. Gerando um impacto muito positivo no meio ambiente.
■Comunicação e percepção da anta
Muitos animais possuem vários tipos de comunicação entre eles mesmos. No caso da anta, é utilizado o cheiro, através de urina e fezes e de glândulas, localizadas em sua face, e também, alguns tipos de vocalização.
A demarcação de território, através do cheiro, geralmente é feito pelo macho para que sua atividade poligâmica não seja invadida por outro. Mas tanto o macho quanto a fêmea são usuários desse tipo de comunicação.
■A anta é listada como vulnerável pela IUCN
A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), sigla do inglês, é responsável pelo estudo dos animais em extinção no mundo, além de salientar a importância da sobrevivência da espécie e mostrar o perigo da degradação descontrolada do meio ambiente.
No Brasil o IUCN incorporou a anta em sua lista, como o animal em perigo, principalmente na região do Espírito Santo. A caça e a expansão acelerada da fronteira agrícola foram apontadas como os maiores vilões para a extinção dessa espécie.
■As antas são parentes dos rinocerontes e dos cavalos
A anta é um animal que parece ter sido montado a partir de partes de outros animais. Ela tem a aparência de um porco, mas com uma tromba, além de possuir cascos de cavalo. Mas apesar de sua tromba lembrar um elefante, a anta tem um parentesco com rinocerontes e cavalos.
A principal característica do animal, que lembra esse parentesco, são suas patas, pois possuem cascos como os de cavalo. Além disso, o fato das antas gostarem de rolar na lama, lembra muito o hábito de seus parentes rinocerontes.
■A anta é, na verdade, muito inteligente
Devido ao seu grande porte, visual pouco normal (focinho de elefante, cascos de boi e orelhas de cavalo) e por ser um animal meio desastrado, a anta recebeu a taxação de um animal pouco inteligente. Inclusive, você já deve ter ouvido a frase: “Você é uma anta”.
Apesar da cultura nacional usar esse termo, se engana quem achar que a anta é mesmo um animal desprovido de inteligência. Pelo contrário, ela tem uma enorme concentração de neurônios no cérebro e sua memória pode ser comparada a de um elefante. Em suma, a anta é um animal muito inteligente.
Anta brasileira: animal nativo e suas curiosidades
Aqui você pôde conferir várias informações sobre o maior mamífero nativo da América do Sul. A anta é um animal grande e desajeitado que possui uma tromba, que lembra um elefante, patas iguais aos equinos e um corpo parecendo um porco.
Dotado de muita inteligência, por possuir um número de neurônios bem maior que a média animal, a anta, se destaca como a jardineira da natureza. Ela é chamada assim, devido à sua capacidade de proliferar as sementes dos frutos que come. Além disso, você também conferiu os diferentes tipos de subespécies de anta, podendo identificar onde cada uma ocorre.
Vimos que a anta é um animal que está sumindo, aos poucos, de regiões que antes viviam em abundância. Além disso, você pôde ver os programas de proteção existentes no país, voltados a assegurar a existência das antas brasileiras, tão importantes para a natureza.
Sou um amante dos animais. Minha irmã e eu temos 4 cães e 11 gatos. Os gatos são meus preferidos, são minha fonte de tranquilidade e inspiração.