Peixe-palhaço: saiba tudo sobre o carismático peixe do Nemo!

Peixes-palhaço são extraordinários animais com barbatanas raiadas que pertencem à família Pomacentridae. Tal qual os conhecemos no famoso filme da Pixar em parceria com a Disney, “Procurando Nemo”, esses coloridos peixes que se relacionam tão bem com anêmonas revelam muitos segredos e curiosidades.

Abrangendo cerca de 30 espécies, os peixes-palhaço podem possuir coloração alaranjada, amarelada, avermelhada ou enegrecida, cores que chamam a atenção dos humanos e que fazem com que eles sejam muito visados para o aquarismo.

Embarque em um oceano de descobertas ao entrar no universo dos peixes palhaço a seguir. Vamos lá!

Os peixes-palhaço possuem características excepcionalmente marcantes, fato que faz com que sejam admirados e almejados por várias faixas etárias em todo o mundo. Há características notáveis sobre esses animais que os distinguem dos demais peixes e que os tornam singulares. Confira!

A maioria dos peixes-palhaço geralmente cresce até os 10 cm, podendo chegar aos 11 cm, sendo que as fêmeas são ligeiramente maiores do que os machos. Há, no entanto, o peixe-palhaço Maroon (Premnas biaculeatus), que possui corpo alongado com as extremidades mais estreitas, com fêmeas de até 17 cm, configurando a maior espécie do grupo.

Os pequenos peixes-palhaço abriga cores vibrantes que, na maioria das vezes, segmentam visualmente o corpo com faixas brancas.

Esses invertebrados costumam viver próximos a recifes de corais, onde há anêmonas-do-mar. Habitam os oceanos tropicais Índico e Pacífico, além de preferirem regiões de águas rasas, onde as temperaturas são ligeiramente maiores do que o convencional.

Comumente, esses peixes residem entre os tentáculos das anêmonas de modo simbiótico, fato que será exposto a seguir.

Assim como no filme “Procurando Nemo'', é comum que haja núcleos de famílias habitando uma única anêmona, com uma fêmea dominante, um macho e seus respectivos filhotes.

Anêmonas-do-mar são animais marinhos pertencentes ao filo Cnidaria. Comumente encontram-se presas a um substrato rochoso dentro do oceano ou a recifes de corais.

A associação dos peixes com as anêmonas é tão intensa que faz com que eles sejam chamados, também, de peixes-anêmonas.

Quanto à associação com elas, estabelecem uma relação mutualística de protocooperação, ou seja, a anêmona protege os peixes de predadores enquanto os peixes-palhaço alimentam esses cnidários com sobras de alimentos.

No ambiente natural, os peixes-palhaço alimentam-se junto com as anêmonas, ingerindo pequenos crustáceos (copépodes), zooplânctons e algas.

São peixes onívoros, ou seja, alimentam-se de plantas ou de outros animais.

Caso você tenha um peixe-palhaço ou queira ter um em seu aquário, você pode alimentá-lo com uma ração específica ou, ainda, com comidas secas ou desidratadas para supri-lo nutricionalmente.

O comportamento desses animais é excepcional e diferente dos demais peixes. As relações em comunidade e nas famílias que são estabelecidas entre os peixes-palhaço são curiosas e vale a pena conferi-las!

Esses peixes costumam se comunicar nadando em movimentos engraçados (esse é, inclusive, um dos fatores que originou seu nome). Além disso, fazem barulhos de estalos e sons que são produzidos por tendões exclusivos na boca.

Para se comunicar, eles abrem a boca e levantam a cabeça. Quando a boca se abre, os tendões são esticados até fazerem um estalo, momento em que ela é forçadamente fechada, emitindo um ruído com o batimento dos dentes.

A “conversa” ajuda a manter a classificação e a evitar conflitos entre os membros do grupo.

Quanto à reprodução, é importante pontuar que todos os peixes-palhaço são monogâmicos, ou seja, assumem um só parceiro por vez. Eles são ovíparos, isto é, põem ovos.

O processo ocorre da seguinte forma: caso o macho conquiste a fêmea após o cortejamento para atraí-la, ela desova na superfície da anêmona. Então, o macho deposita suas células reprodutivas sobre os ovos, agora fecundados. Logo depois, ele, sozinho, fará todo o restante do trabalho, cuidando do ninho. Após uma semana, os ovos eclodem, nascendo novos peixinhos.

Você sabia que eles são hermafroditas? Eles nascem com testículos e com ovários; no início da vida machos mas, ao longo dela, tornam-se fêmeas.

Outro fato incomum revela que em uma família de peixes-palhaço, caso a fêmea morra, é comum que o macho se torne fêmea para substituí-la.

O que determina se a transformação vai ou não ocorrer são os índices demográficos da população de peixes, ou seja, se há muitas fêmeas, a maioria dos machos não se transforma. Caso haja muitos machos, boa parte deles irá se transformar. Assim, há um equilíbrio!

Há alguns estudos que investigam a existência de personalidades em peixes e, em especial, em peixes-palhaço. Devido à influência do ambiente, algumas características comportamentais podem variar de formas singulares. Veja:

Segundo alguns pesquisadores australianos, dependendo do ambiente em que os peixes-palhaço se encontram, há variação da personalidade.

Existem pesquisas que estudam o comportamento de duas espécies: Amphiprion mccullochi e Amphiprion latezonatus. Com filmagens periódicas dos peixes, pode-se analisar a interação dos animais com seus parceiros, que podem apresentar atos de agressividade como mordidas e perseguições.

Os cientistas concluíram que em ambientes instáveis os peixes-palhaço apresentavam menor individualidade, enquanto que, em ambientes estáveis, havia maior desenvolvimento e, portanto, mudança na personalidade.

A espécie Amphiprion mccullochi possui representantes que também são conhecidos como peixes anêmona brancos. Eles possuem protandria, ou seja, os machos reprodutores tornam-se fêmeas de acordo com as necessidades que garantam o sucesso reprodutivo da comunidade. São nativos da ilha australiana Lord Howe e, por isso, habitam ambientes de recifes mais estáveis.

Devido à estabilidade ambiental, seus representantes geralmente exibem tendência ao desenvolvimento e ao aprimoramento da individualidade e da personalidade!

Já a espécie Amphiprion latezonatus, também conhecida com peixe anêmona de banda larga, encontrada nas águas subtropicais da costa leste da Austrália, possui peixes que, em sua maioria, apresentam comportamentos muito semelhantes entre si. Isso ocorre pois o ambiente no qual eles habitualmente vivem possui condições ambientais mais duras e suscetíveis a variações.

Assim, os A. latezonatus possuem repetibilidade no comportamento, fato que contrasta com os peixes A. mccullochi. Curioso, não?

Para que você adquira um peixe-palhaço, é interessante analisar fatores como preço, adaptação e particularidades da criação. Além disso, é fundamental que você saiba como inserir seu invertebrado no aquário ideal. Confira aqui as dicas!

Na teoria, a compra e a venda dos peixes-palhaço não é tão ruim para o ambiente, pois são peixes que se reproduzem facilmente em cativeiro.

O preço costuma ser cerca de R$70,00, no entanto, há variações e o preço pode chegar até R$150,00.

Como eles são animais tipicamente marinhos, não! Há um grande problema em colocar um peixe de água salgada em água doce. Isso ocorre porque a concentração de sais nos líquidos que circulam no corpo do peixe marinho é praticamente a mesma da água do mar.


Caso o peixe seja colocado em água doce, a concentração de sais no seu corpo será maior que a do ambiente. Então, o peixe absorverá muita água por osmose, logo, a tendência será de suas células incharem, correndo o risco de explodirem! Portanto, não coloque um peixe-palhaço em um aquário de água doce.

Para criar seu peixe-palhaço, será preciso um aquário marinho. Para montá-lo, será preciso executar o planejamento de modo minucioso, fazendo pesquisas quanto ao orçamento e aos itens. Geralmente, em aquários com menos de 200 litros, a dissolução de nutrientes e a estabilidade térmica são maiores. Por isso, ele é o ideal para fazer prosperar sua futura população de peixes-palhaço.

Ademais, é recomendável que se adquira um casal de peixes para que formem um casal e que procriem.

Ao encher seu aquário, adicione sal marinho nos índices de salinidade adequados para o peixe e, se possível, meça com um higrômetro. Outro ponto importante que influencia no sucesso da sua criação é uma boa circulação de água, que faz com que haja maior oxigenação.

Como peixes-palhaço convivem de modo mutualístico com anêmonas, você pode colocar exemplares delas em seu aquário. No entanto, não é obrigatório, já que a função delas é, sobretudo, auxiliar na sobrevivência protegendo os peixes de predadores, os quais serão inexistentes no seu aquário.

Entretanto, caso você queira algum cnidário para habitar junto com seu peixe-palhaço, você pode optar por adquirir uma Xenia, um tipo de coral mole ou “soft-coral” que, dentre outras vantagens, não libera toxinas ao morrer como a anêmona faz.

Além disso, certifique-se sempre de que a água esteja entre 24º e 27º, afinal esse peixes são tropicais e precisam de água quente e limpa.

Há um equipamento chamado skimmer que executa muito bem a função de filtragem. O skimmer é eficiente, pois remove substâncias que se tornam nocivas a longo prazo, como nitratos e fosfatos. Além disso, ele é capaz de retirar macromoléculas como proteínas, bactérias, toxinas e carbono orgânico.

Todos esses elementos, caso não sejam retirados do seu aquário marinho, podem causar problemas aos seus peixes! Por isso, invista em uma filtragem de qualidade. O skimmer é uma ótima opção!

Os peixe-palhaços são territorialistas, por isso, confira se escolheu um aquário amplo. Além disso, caso vá adotar mais de um casal, ofereça uma anêmona para cada núcleo de peixes (ou então uma Xenia, citada anteriormente), caso contrário, eles brigarão entre si pelo território.

Outra dica quanto aos ornamentos do seu aquário é mantê-lo bem iluminado. A boa iluminação é fundamental para manter a vida dos peixes e dos corais, caso você opte por colocá-los também. Luminárias de LED são uma ótima alternativa.

Além de todos os fatores apresentados, os peixes-palhaços possuem, ainda, curiosidades a serem desbravadas. Conheça ainda mais esses peixes tão excêntricos, belos, encantadores e desajeitados.

Ao contrário do que muitos pensam, peixes da espécie do Nemo e de seu pai, Marlin, pertencentes à Amphiprion ocellaris, são conhecidos como “falsos perculas” ou, então, “falsos peixes-palhaço”. Isso ocorre porque há grande semelhança anatômica entre seus representantes e os representantes da espécie Amphiprion percula, os "verdadeiros" peixes-palhaço, sendo facilmente confundidos.

Entretanto, apesar da semelhança gritante sobretudo na coloração, há algumas diferenças. Por exemplo, o A. ocellaris possui 11 espinhos dorsais e 17 raios na nadadeira posterior, enquanto o A. percula possui 10 espinhos dorsais e 16 raios. Além disso, o A. ocellaris não possui traços pretos entre as barras brancas de seu corpo. Já o A. percula, sim, e bem evidentes!

As glândulas da epiderme dos peixes-palhaço secretam um muco que promove uma série de benefícios. Além de ajudar a diminuir o atrito com a água, o muco, assim como as escamas, também auxilia na proteção do peixe contra patógenos, ou seja, contra agentes causadores de doenças.

Tais patógenos são liberados pelas anêmonas e, como esse peixes vivem em contato recorrente com elas, eles produzem uma secreção que inativa as substâncias venenosas desses cnidários

Apesar disso, os peixes-palhaço não nascem imunes às toxinas, mas vão se adaptando aos poucos até ficarem totalmente imunes, já na vida adulta.

Sim, os peixes-palhaços as amam! Como retratado anteriormente, eles vivem, refugiam-se e reproduzem-se nas anêmonas. A relação entre eles é simbiótica e quase indissociável! Ao se alimentar, o peixe deixa excretas que alimentarão o cnidário ao mesmo tempo em que são protegidos fisicamente de predadores e de ameaças.

Apesar de parecerem inseparáveis, relação interespecífica e harmônica chamada de mutualismo, como dito anteriormente, eles são capazes de viver um sem o outro.

Outro fato interessante é a movimentação do peixe dentro da anêmona, o que faz com que haja circulação de água e, consequentemente, de oxigênio. Isso facilita a respiração do cnidário.

Na maioria das espécies de peixes, os machos são indiferentes aos filhotes. No entanto, quanto aos peixes-palhaços, o instinto paterno é marcante!

Isso ocorre pois existe um hormônio, a isotocina, que executa um papel semelhante à oxitocina, que gera, nos humanos, uma conexão entre a mãe e o bebê. No caso dos peixes, a isotocina faz com que haja uma conexão entre os pais e os ovos, que vigiam constantemente a “ninhada”, ficando ao redor de guarda.

Tal fato foi descoberto pela Universidade de Illinois, de Urbana-Champaign, nos EUA. Interessante, não?

De acordo com um estudo feito pela Universidade Flinders, na Austrália, o qual investigou como estímulos luminosos influenciavam na reprodução do Amphiprion ocellaris, grande parte dos peixes-palhaço são incapazes de gerar filhotes quando expostos à luz artificial.

Isso ocorre porque geralmente os filhotes nascem na escuridão, já que é um período seguro de predadores e de outras ameaças. No entanto, com a crescente urbanização próximo a recifes de corais, a exposição à luz artificial é maior. Por isso, o nascimento de novos peixinhos nos litorais australianos tem sido prejudicado, infelizmente!

Apesar do filme “Procurando Nemo” ter sido lançado em 2003, ainda hoje o peixe-palhaço faz muito sucesso com diversos públicos. Esses peixes foram imortalizados na cultura com a personagem Nemo.

É relatado que, após o filme, a procura e a compra do peixe cresceram em mais de 40%. Isso preocupa ambientalistas, que já fizeram diversos apelos desestimulando a compra da espécie devido ao receio do risco de extinção.

Tal fato evidencia como a indústria cinematográfica é capaz de exercer influência até mesmo no aquarismo!

Quanto mais conhecemos esse exótico peixe, mais nos encantamos com suas numerosas qualidades e características. Há muitos fatos e curiosidades que devem ser levados em conta, ora por amantes de aquarismo, ora por fãs do Nemo!

Entretanto, é fundamental reconhecer que o nicho ecológico do peixe-palhaço vai muito além do mostrado pelo filme!

Ah, e caso você queira adotar um espécime, atente-se quanto aos cuidados fornecidos aqui para que o seu aquário prospere!