Peixe lebiste: veja dicas para aquários e como criar esta espécie!

Os Lebistes são peixes ornamentais de sangue latino, que apesar do seu pequeno porte, são alongados e possuem cores vibrantes, característica essa que ajudou a torna-lo um dos peixes mais populares do aquarismo desde 1900, o que é muito compreensível já que é realmente um lindo animal. Não existe aquário que fique triste com a presença desses peixinhos, também conhecidos como Guppy, Barrigudinho ou Peixe Arco-Íris.

Esse peixinho se destaca dos outros por um conjunto de características marcantes, mas talvez a principal seja o seu ‘multicolorismo’, mas é claro que o motivo para eles serem assim não é apenas enfeitar aquário, nada disso, no seu habitat natural, quanto mais colorido o Lebiste macho é, mais fêmeas ele atrai. Algo similar ao que o pavão macho faz com as suas penas.

Assim como nós, o Lebiste é tipicamente latino! Originário da América do Sul e América Central, mas a sua descoberta se deu muito tempo depois do descobrimento das Américas: só em 1859 o icitólogo alemão Wilhem C. H. Peters registrou a espécie pela primeira vez e lhe batizou com seu nome científico usado atualmente, Poecilia reticulata Peter.

Agora, o seu nome mais popular foi dado alguns anos depois disso, quando o britânico Robert John Lechmere Guppy redescobriu essa espécie em Trindade, uma ilha próxima da costa venezuelana, e então, em 1866 esse peixinho ganhou um novo nome: Guppy, bem mais sonoro que Poecilia reticulata Peter, né?

Não foram só botânicos e cientistas que nomearam esse peixe não, os indígenas também fizeram isso e com um nome muito apropriado para a natureza dessa criatura: ‘Guarú’, que significa, em tupi-guarani, “peixe que come de tudo”, e de fato: o Lebiste se alimenta principalmente da larva de insetos, o que consequentemente, ajuda a regular e fazer controle ambiental reduzindo o número de mosquitos (incluindo os da dengue e da malária).

No mundo do aquarismo é difícil superar a beleza do Lebiste. Apesar de ter apenas entre 26 e 27 escamas laterais, esse peixe esbanja cor e vivacidade, mas isso pode variar. A aparência do Lebiste muda de acordo com o habitat em que ele nasce, por exemplo, caso ele viva em habitats naturais com muitos predadores ele será menos colorido e mais cinzento para conseguir passar despercebido.

Porém, quando criado para fins de aquarismo ele fica livre pra abraçar as suas ‘True Colors’, como diria Cindy Lauper, apesar de existirem linhagens de Lebistes albinos. São peixes alongados e o macho possui uma cauda maior do que a fêmea apesar de ser menor que ela, medindo entre 15.5 a 34.7 mm, enquanto as fêmeas ficam com um tamanho médio oscilando entre 28.1 a 58.9 mm.

O peixe que come de tudo, segundo os indígenas, come realmente muita coisa! Eles são omnívoros, ou seja, comem tanto vegetais quanto carne, como a de artêmias salinas (tipo de camarão) ou enquitreias (tipo de verme), mas um dos tipos de carnes que eles podem vir a comer é a de outros Lebistes.

Sim, um peixe tão adorável tem seus momentos canibais, mas felizmente quando criados para aquários os Lebistes tendem a ser mais ‘calminhos’, o que continua agitado são suas barriguinhas. Eles devem ser alimentados em pequenas porções várias vezes por dia.

Caso você não queira alimentar seu Lebiste com vermes, pode substituí-los tranquilamente por alimentos secos, como ração específica pra esse tipo de peixe. É preciso sempre os alimentar de duas em duas horas porque eles possuem uma pequena boca e um longo intestino.

As fêmeas do Lebiste costumam ser mais tranquilas, agora os machos já são mais problemáticos. Podem sair por aí mordendo barbatana alheia, podem ter algum traço de canibalismo quando está em habitat natural e dependendo do peixe até mesmo dentro do aquário, mas isso já é bem incomum. O ‘normal’ é que esse peixe seja pacífico e de natação tranquila.

Caso você tenha um aquário de tamanho que permita a criação de um pequeno cardume, alguns peixes podem ser compatíveis ao Lebiste e juntos conseguem viver em harmonia. São eles: Platys, Danio (peixe-zebra), Endler, Neon Chinês, Pleco (peixe-gato), Coridora (bronzeado) entre outros peixes.

O Lebiste possui reprodução diferente de alguns peixes: é ovovíparo, ou seja, os ovos ficam guardados dentro da fêmea, enquanto os embriões tiram sua nutrição do saco vitelínico do ovo. A casca desse ovo se romperá ainda dentro da fêmea e, então, os alevinos (filhotes) deixam o interior da mãe já possuindo cerca de 6 mm.

Quando se tornarem adultos é que fica possível diferenciar macho e fêmea. O macho possui nadadeiras maiores, é mais colorido e apresenta um gonopódio, órgão reprodutor masculino que o peixe macho introduz na fêmea, que pode guardar o espermatozoide injetado por até 8 meses, o que permite ela reproduzir 3 vezes sem a necessidade de novo contato com o macho.

A fêmea fica ganha uma mancha e fica mais gordinha por volta de 3 semanas após a fecundação. A gestação dura entre 22 a 26 dias e recomenda-se então duas coisas: separar a fêmea grávida do restante do aquário para evitar ataques e que o aquário tenha muitas plantinhas para que os filhotes possam se esconder dos pais que ameaçam comê-los.

Primeiramente, o aquário: escolha um de tamanho médio, entre 40 a 75 litros e não use substrato, pois isso dificultará a sua visão dos filhotinhos dos peixes, ao invés disso, opte por plantas, tanto as que ficam próximas da superfície quanto as que ficam perto do fundo do aquário. Musgo de Java e franjas de algodão ou lã são boas opções de esconderijos para os filhotinhos evitarem serem devorados pelos seus pais.

Apesar de ser fácil de cuidar, é preciso manter alguns cuidados quanto a água: primeiro é necessário manter uma temperatura entre 18ºC a 32ºC, deixa-la limpa com um filtro leve, ou seus peixes podem ser sugados, o que não é nada bom caso você queira que o seu aquário dure! Além da temperatura, cuide também do pH da água: precisa ser suavemente alcalino, ou seja, ficar entre 7.2 a 7.5.

Os peixes quando em estágio adulto requerem poucos cuidados além do básico para todos os peixes, mas é preciso reforça-los quando falamos nos filhotes: remova sempre os peixes mortos que ficam boiando na superfície, troque a água frequentemente e mantenha o aquário limpo, pois o acúmulo de sujeira prejudica a saúde dos peixes e dificulta a visualização dos filhotes.

As fêmeas conseguem escolher em que momento querem ter seus filhotes, pois enquanto armazenam os espermatozoides (período que dura 8 meses), elas podem decidir fertilizarem seus óvulos quando o clima estiver mais adequado.

O mais curioso disso é que embora elas escolham quando fertilizar os óvulos, muitas vezes escolhem também devorar seus filhotes pouco tempo após o nascimento. Contraditório, né?

Vale e muito! Não é por nada que o Lebiste é um dos peixes ornamentais mais populares no mundo. Além da sua beleza, a facilidade do seu manejo é algo que salta aos olhos de qualquer pessoa que mantenha um aquário. Se você está iniciando como aquarista, sugiro que cogite começar por peixes como o Lebiste: pequenos, charmosos e fáceis de cuidar!